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Faxineiro ou professor?

Tiago Valentim Garros* - 24.10.12
No domingo, dia 21, foi apresentada no programa "Teledomingo" da RBS TV mais uma reportagem da campanha do Grupo RBS "A Educação Precisa de Respostas", desta vez focando na questão de por que menos de 2% dos estudantes almejarem uma carreira de professor. A reportagem usou como exceção a esta regra o exemplo do faxineiro Ronald de Abreu de Souza, trabalhador do Colégio Piratini, no Bairro Auxiliadora na Capital. O que a reportagem não mostrou, no entanto, é que a resposta a esta pergunta está bem ali, diante dos nossos olhos, a partir do exemplo do próprio Ronald.
Ronald trabalha há sete anos no Colégio Piratini, e neste meio tempo, dedicou-se com muito esforço aos estudos. De origem humilde, Ronald entrou na faculdade, formou-se professor de História, fez pós-graduação, e investiu centenas de horas na preparação para o concurso do magistério estadual, no qual apenas 5 mil dos 63 mil candidatos (professores) passaram. Está muito feliz pela aprovação e pela iminente nomeação, ainda em outubro.
No entanto, não creio que Ronald tenha feito a matemática envolvida na sua mudança de carreira de forma simples e objetiva. Ou, se fez, sua juventude e idealismo, e, talvez, falta de experiência docente não permitiram que ele visse a triste realidade. Vamos aos números:
Ronald ganha R$ 1,1 mil como faxineiro. Ele vai à escola, faz seu serviço, e vai para casa. Nunca leva serviço para sua residência, não precisa se preocupar com trabalho à noite e tem seus fins de semana livres, bem diferente do que vai ser a sua realidade a partir de novembro, quando entrará numa sala de aula como professor. Nesta condição, Ronald ganhará mais, em torno de R$ 1,3 mil, ou seja, R$ 200 a mais do que ganhava. Este salário corresponde, segundo o edital do concurso, ao salário base de R$ 731,74 , acrescido de aproximadamente R$ 570 de benefícios (vale alimentação, transporte e adicionais por unidocência etc.), por 20 horas de trabalho por semana. Estas 20 horas, em se tratando da matéria de História, que tem em quase todas as escolas apenas duas horas/aula por semana no Ensino Médio, será preenchida por aproximadamente sete ou oito turmas, e as horas restantes serão normalmente ocupadas por reuniões e repousos remunerados.

Então, imaginemos como será a rotina de Ronald agora: irá para a escola, e voltará para casa com aulas para preparar para oito turmas, cada uma com, digamos,  30 alunos em média, nem sempre disciplinados. Quando tiver provas e trabalhos, serão 240, para elaborar e corrigir. São 240 notas para fechar em final de bimestre, e mais do que isso, 240 vidas que têm seus futuros em parte nas mãos de Ronald, sem contar a pressão dos 480 pais, mães, avós e responsáveis que estão por trás de cada aluno seu, cada um com uma cabeça e sentença sobre como Ronald deverá exercer seu trabalho de educador, se mais rígido, se mais amigável, se mais durão, se mais compreensível. E para isso, ganhará R$ 200 a mais do que ganha agora, limpando a escola.
Ronald escolheu sair do serviço de limpeza para dar orgulho para sua família, para a qual a nobre arte de ser professor compensa qualquer privação financeira. Os 98% dos alunos e os governos acham que a faxina vale mais a pena. E você?
*Professor

Comentários:
    Celestino Nesi Filho diz: 25 de outubro de 2012
    O educador Ronald, tem ideal, e ideal vale mais que qualquer salário. Mas, é claro, só com idealismo não se vive, precisa-se pagar as contas, sobreviver. O educador - professor - deveria ser o mais bem pago profissional do mundo, pois está preparando uma nação. Mas hoje se paga mais, para os artistas da bola, por exemplo, onde o povo é enganbelado pelo circo, do que para o futuro do pais.
   
    Ronaldo Castro diz: 25 de outubro de 2012
    Lastimável essa realidade! E o pior é que o cálculo do autor deste artigo está equivocado, visto que o valor da unidocência vale apenas para professores das séries iniciais do ensino fundamental. Na realidade, somados aos 700 pilas só há o abono salarial, o vale refeição (de fome) e o vale transporte, totalizando a fortuna de R$ 1.023,91. Ou seja, TRABALHAR COM A VASSOURA VALE MAIS A PENA DO QUE COM O GIZ... Sem falar da trabalheira! Essa parte foi bem ilustrada pelo autor. Esse rapaz não sabe onde está se metendo. Ser professor aqui no Brasil, ganhando essa miséria, é a maior roubada! E olha tem faxineiros ganhando muito mais do que ele ganhava nesta função... Não adianta nada todo esse blá, blá, blá sobre educação sem o primeiro passo: remunerar dignamente o magistério, isto é básico! Entenda-se dignamente, hoje, um salário inicial de, pelo menos, R$ 3.000,00 líquidos por cada 20 horas trabalhadas, considerando, no mínimo, 40% dessas horas como planejamento e repouso remunerado para um professor de Nível 5. A partir daí poderemos entrar nas outras discussões, que também são importantes. Mas, até que isso ocorra realmente, falar sobre educação neste país será apenas blá, blá, blá... Lamentável! A VALORIZAÇÃO DO MAGISTÉRIO PASSA NECESSARIAMENTE POR SALÁRIOS DIGNOS PARA OS PROFESSORES E FUNCIONÁRIOS DAS ESCOLAS DOS NOSSOS FILHOS!
   
    Ronaldo Castro diz: 25 de outubro de 2012
    Ah! Esqueci de mencionar que são R$ 1.023,91 de salário bruto, com os descontos é menos que isso! É uma VERGONHA!
 
    Régis Sebben Paranhos diz: 25 de outubro de 2012
    Tudo isso sem o FGTS, que como faxineiro ele tinha direito.
    E mais, como faxineiro, ele pode chegar mesmo a ser diretor da empresa em que trabalha; já como professor, provavelmente ficará no mesmo cargo pelo resto de sua vida.
   
    rubes ciro diz: 25 de outubro de 2012
    Apenas mais um idealista que se sentirá frustrado, o tempo dirá! Ganharia muito mais como: encanador, eletricista, jardineiro, mecânico, ou outras inúmeras profissões. Ele terá seu salário achatado ( pelo govêrno, se público).Quanto menos seres humanos lidar em grupo, melhor. Hoje aluno é sinônonimo de problema...
   
    Carlos Alberto Tramontina diz: 25 de outubro de 2012
    Parabéns pelo artigo! Ainda bem que alguém está percebendo o quanto os professores são massacrados, neste país... Somente através da educação poderemos sair da lama que nos encontramos.
   
    Tiago José Fernandes diz: 25 de outubro de 2012
    Caro Prof.Garros! Sob o ponto de vista dos pessimistas e dos materialistas, há algum sentido no que você escreveu,entretanto,há muitos professores (talvez a maioria),que escolheram a educação por vocação,por um ideal,que pelo visto você não tem e não pelo dinheiro.Reconhecidamente,nosso Estado paga muito mal aos professores,mas a insatisfação deles para aí.Há quem desista (há desistências também nas outras áreas),o que comprova o ideal,mas a grande maioria tem paixão pela educação.Pergunte ao Ronald se ele não está realizado.Vou plagiar o slogam duma administradora de cartões de crédito: "Há coisas que o dinheiro não compra..." caro professor.Você deveria saber disso.
  
    CARLOS ALBERTO DE OLIVEIRA FREITAS diz: 25 de outubro de 2012
    TENHO 60 ANOS, SOU APOSENTADO PROFESSOR ESTADUAL DE MATEMÁTICA E FÍSICA. AINDA CONSEGUI SER RECONHECIDO PELOS ALUNOS, O QUE NÃO TEM PREÇO. - O ÚLTIMO GOVERNO ESTADUAL QUE TENTOU FAZER ALGO PELOS PROFESSORES FOI O DO SR. JAIR SOARES, CUJO PISO DE 2,5 SALÁRIOS LOGO FOI DERRUBADO POR MONSTROS QUE NÃO MAIS SE DESINSTALARAM DOS GOVERNOS, GERENCIANDO DITATORIALMENTE A MORTE DO MAGISTÉRIO NO RS.
    -EU, SE VOLTASSE NO TEMPO, SERIA UM PEDREIRO E JAMAIS ESTUDARIA TANTO PARA OUVIR E LER BALELAS, SAINDO DO EXPEDIENTE E DANDO ATENÇÃO À MINHA FAMÍLIA, QUE POR EU TRABALHAR 3 TURNOS, FICOU SEQUELADA PARA SEMPRE.
    -- POR FAVOR, ABANDONEM O MAGISTÉRIO E VIVAM VIDAS DIGNAS, DEIXANDO PARA AQUELES PAIS QUE "ACHAM QUE O PROFESSOR É O CULPADO DE TUDO" A MISSÃO DE ESTUDAREM E ENSINAREM AOS FILHOS IDIOTAS.
    ---- LARGUEM A CORDA, DEIXEM AFUNDAR QUE O DINHEIRO DA COPA COMPRA PROFESSORES E MÉDICOS EM CUBA OU NA P___ QUE ______.
   
    Milton Jardim diz: 25 de outubro de 2012
    Ronald, não perde tempo com esta história de professor e usa o teu conhecimento e faz um concurso público que não seja para o magistério. Enquanto não for sério e os alunos fazerem o que querem na escola e ninguém pode dizer nada, porquê a lei é a primeira a defender estes marginais travestidos de estudantes que papai e mamãe atiram dentro do colégio porquê nem eles aguentam. Esqueça isso e vá em frente.
   
    André diz: 25 de outubro de 2012
    Sou professor e jamais largaria minha carreira no estado para fazer faxina!
    Reclamam, reclamam, reclamam, mas os concursos para professor estão aí, procuradíssimos e com milhares de candidatos.
   
    Ronaldo diz: 25 de outubro de 2012
    Esse papo do Tiago José Fernandes é o tipo do discurso que reproduz a indignidade salarial no magistério! E essa coisa de vocação não existe, o professor, se for realmente bom, é porque estuda e trabalha duro, mas estes já abandonaram o magistério faz tempo. Essa balela de ideal é para idiotas, não se enganem... Nem arigó ganha a miséria que pagam aos professores. Quem tem competência e talento ou está no ensino privado, em bons colégios, que pagam bem ou está em outra ocupação. Por isso nossa educação está de mal a pior, pois os professores do Estado são despreparados, ganham uma mixaria (servindo mesas ganhariam mais só com as gorjetas) e, consequentemente, desmotivados. Esse papo de amor ao magistério só serve a quem não tem competência para ocupar um cargo melhor e não deseja botar as mãos em trabalho braçal ou não precisa da esmola que o Estado paga para sua sobrevivência. No entanto, sempre será mais fácil tapar o sol com a peneira... Infelizmente! E dessa forma essa realidade desfavorável e absurda se perpetua. Mas, não esqueçam: os alunos são os nossos filhos e são o futuro dessa nação, parece clichê, contudo é a mais pura verdade! Salário justo aos professores já! Afinal, tudo que é bom custa caro, porque com a educação seria diferente?
   
    Ronaldo diz: 25 de outubro de 2012
    Sou Professor e Empresário. Sou professor porque gosto, mas, se algum dia a docência atrapalhar os meus negócios, não me atreveria optar pelo magistério. Afinal, como empresário faturo algo em torno de 120 mil anuais, um pouco menos. Como professor não chega aos 10% desse montante. Como empresário trabalho, pelo menos, umas cinco vezes menos do que como professor e não me incomodo quase nada. É meu caro Tiago, concordo contigo que há coisas que o dinheiro não compra, contudo são coisas que não têm preço, como o amor, a amizade, a solidariedade. São coisas que não estão a venda, geralmente. Mas, não há a necessidade de abster-se de uma vida boa e próspera para desfrutar das coisas que não tem preço, não é mesmo? Agora, ver o meu filho com boa saúde, bem vestido, bem alimentado, estudando em um excelente Colégio, aprendendo outras línguas, desfrutando seus momentos de lazer com qualidade, praticando esportes, frequentando um clube recreativo, conhecendo lugares e culturas interessantes, dispondo de todos os recursos para o seu desenvolvimento cognitivo, moral e pessoal, entre tantas outras coisas CUSTAM MUITO CARO e, infelizmente, com o salário de professor jamais conseguiria bancar tudo isso. Ver o sorriso do meu filho todos os dias não tem preço!
   
    Pedro Oliveira diz: 25 de outubro de 2012
    Sou considerado um bom professor nas escolas em que já trabalhei. Fiz esse concurso e passei bem... Fui chamado, mas vou assumir no ensino público? O problema não é apenas o salário "de fome", mas também a falta de valorização e reconhecimento: seja você o melhor professor ou o pior professor da rede, seu salário e reconhecimento é exatamente o mesmo.
    Não, obrigado, não quero essa vaga! Logo que puder, estarei saindo do ensino público. Escolas particulares sem comprometimento também são lamentáveis!
   
    CARLOS ALBERTO DE OLIVEIRA FREITAS diz: 26 de outubro de 2012
    Lamento muito não poder ser bem entendido pelo tal cidadão "Tiago José Fernandes", que nunca conheceu meus ideais e o que fiz para me manter como professor(não fui só eu, mas muitos de minha família) POR TAIS IDEAIS, e eu, para TER CONDIÇÕES FINANCEIRAS DE SUSTENTO, tinha mais TRÊS empregos, em regimes de PLANTÕES TÉCNICOS(incluindo madrugadas). - Portanto, Ilustríssimo PITAQUEADOR,antes de escrever, pense, pois fui professor DE MUITA GENTE GRAÚDA, atirando POR BAIXO, até o HÉLIO XAVIER(PORCA VÉIA) foram meus alunos. - Tiago José Fernandes, faça sacerdócio você, ou NÃO DÊ PALPITES FURADOS.
   
    jeferson fleck diz: 26 de outubro de 2012
    De nada vale o ideal se não receberes o essencial.
   
    Lauro Mosquer diz: 26 de outubro de 2012
    O assunto é interessante e crítico ao mesmo tempo. O salário, materialmente falando, não grande coisa, mas também não é pouco. No magistério o Ronald terá a oportunidade de produzir, inclusive, seres humanos com vocação jornalisticas, que dirão à sociedade o que realmente acontece com a pessoas quando ela não sabe identificar os riscos da profissão escolhida. o Ronald escolheu bem a profissão, agora, vamos lutar para dar suporte material a ele. Vamos lutar. vamos lutar.
   
    Carlos Morais diz: 26 de outubro de 2012
    Amigos, nem que realmete se diz ter vocação trabalha por tão pouco, e tem plano de carreira, suporte financeiro e emocional.
    Então: pode ter ideal , vocação, estudar de graça e ainda ensinar e é plenamente reconhecido pela sua comunidade!
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    Carreira nada ousada
    A paróquia é autônoma. Vive do dinheiro que os fiéis dão como dízimo, como oferta durante as missas ou como espórtula, o pagamento para realizar casamentos, missas votivas, batizados. Com esse dinheiro, o pároco paga as contas (de água, luz...), financia todo tipo de atividade que a paróquia realiza e retira sua parte. Não há vínculo empregatício entre o padre e a igreja. Assim, ele não recebe salário, mas uma remuneração chamada côngrua, que cresce de acordo com o tempo de ordenação, mas está longe de representar um plano de carreira sedutor. Do primeiro ao quinto ano depois de ordenado, o padre recebe, em São Paulo, o equivalente a 2,5 salários mínimos. Do quinto ao décimo quinto ano, a côngrua equivale a três salários mínimos. Do décimo quinto ao vigésimo quinto, quatro salários e, daí em diante, cinco salários. Mesmo que o padre tenha outra fonte de renda (sim, isso é permitido), com alguma função na cúria ou dando aulas, ou que ainda receba o aluguel de um imóvel, a recomendação é que viva com no máximo sete salários mínimos, ou R$ 3.570 mensais.
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    A fé e o INSS
    O padre estuda de graça, trabalha como uma espécie de sócio da igreja e, quando envelhece e se aposenta, vai, na diocese de São Paulo, para a Casa São Paulo, mantida por uma espécie de previdência privada do clero, a Venerável Irmandade de São Pedro dos Clérigos.(...)
    Referencia:
    http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,EMI125290-16642-1,00-E+COMO+UMA+EMPRESAMAS+DIFERENTE.html
   
    Ana Vergara diz: 26 de outubro de 2012
    Brasileiros que vencem na adversidade são consideradas "de valor", pela sociedade em geral. Vemos todo o dia, o engrandecimento dado ao Ministro Joaquim Barbosa por seu posicionamento na condução do Mensalão. Pessoas que encontram e devolvem bens`aos verdadeiros proprietários, se descobertas, são um prato cheio para a mídia, personagens de reportagens e entrevistas. Como se fazer o certo fosse um ato heróico. Estamos vivendo um momento onde os valores morais e éticos estão invertidos. Cabe a cada um cumprir seu papel na sociedade com retidão de caráter, isto não é opcional, isto é o que se espera da pessoa enquanto cidadão. Ronald é alguém que com certeza fará a diferença. Ele está escolhendo o caminho que sonhou, embora economicamente tenha perdas. Trabalhará mais, as cobranças serão maiores, terá mais responsabilidade. Mas sua compensação virá com a ascenção social. A partir de agora ele muda do status de faxineiro para o de professor. O que deixa? Deixa de limpar o chão que as pessoas usam para pisar. Deixa a impessoalidade que faz com que a maioria das pessoas olhe mas não veja "quem", está dentro de um macacão qualquer. Deixa o desrespeito com que é olhado por uma sociedade absurdamente preconceituosa, e que mede o seu semelhante por seu status, por sua roupa ou por seu dinheiro. Ganha: Um "olhar" mais respeitoso da sociedade, além de seguir seu sonho. E desta forma perder R$ 200,00 não significa nada. Claro...terá que conseguir talvez um contrato para mais 20 horas, possivelmente uma aulas particulares, ou quem sabe até uma escola particular queira seus serviços, pois bons professores de História sempre são bem vindos. Mas Ronald ganha mais, ao escolher a profissão de professor, ganha infinitamente mais, pois a partir de agora ele sabe que em cada criança ou jovem que passar em seu caminho, levará junto um pouco de sí, e isso vem através do conhecimento, e isso só pode transmitir aquele que tem vocação.Parabéns Ronald, bela escolha.
   
    marcos dos santos diz: 26 de outubro de 2012
    Para quem afirma que salário não é motivação para o trabalho, e diz que para ser profissional tem de ter idealismo, sugiro que peça ao chefe a redução do seu salário pela metade e continue trabalhando feliz. Respondo à bravata destes que ligam a profissão de ensinar a idealismo que só não largo o magistério estadual porque não tenho os direitos trabalhistas que tem o faxineiro. Agressões físicas e verbais de todos os setores da sociedade, nem a ordem judicial de pagar dívidas o governo cumpre, tudo isso acaba com qualquer auto-estima, qualquer idealismo. Srs, há uma lógica nisso tudo. Culpa-se a figura do professor pelo fracasso da educação pública, afinal ele ainda é "analógico" frente a um aluno "atualizado nos facebooks". Tudo isso para justificar esse humilhante salário e fazê-lo trabalhar ainda mais. Desde cedo desencorajo meus filhos a abraçar este tormento, eu só gostaria que o estado fizesse a proposta de um Plano de Demissão voluntária. Eu nem pensaria duas vezes...

    Márnei Consul diz: 26 de outubro de 2012
    Ronaldo e Carlos Alberto, parabéns pelos comentários realistas!
   
    Fernando Schlindwein diz: 26 de outubro de 2012
    Parabéns Tiago Valentim Garros. É isso mesmo. A educação primária e secundária de um país é e sempre será proporcional ao salário pago aos professores de escolas primária e secundária. Minha mãe foi professora primária por mais de 35 anos e a aposentadoria dela é uma miséria. Ela me desencorajou de ser professor. Como sou desobediente, sou professor, mas de Universidade. Mesmo assim, depois de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado saí do patropi. Para sempre.
   
    Tiago José Fernandes diz: 26 de outubro de 2012
    Esse espaço é para expressarmos nossas opiniões,as quais,inadvertidamente,podem não agradar um ao outro e não para que ofensas pessoais sejam feitas,mesmo quando "serve o chapéu",que pelo visto foi o que se passou com o Carlos Alberto.Vou colocar tuas ofensas na conta da tua ignorância,sim,porque também há professores ignorantes ok? A propósito,teu conceito de "gente graúda" está um tanto sectário,portanto,tua opinião não deveria ser dada neste espaço e sim num CTG.Nada contra o Porca Véia.
   
    Tiago Garros diz: 26 de outubro de 2012
    Pessoal! Sou o autor do artigo, e gostaria de agradecer pelas manifestações de apoio e às críticas também. Sou professor, amo a minha profissão, passei no mesmo concurso, me considero vocacionado e sim, idealista, ao contrário do que pensa o coléga xará Tiago Fernandes. Meu intuito com este texto é, como bem falou o leitor Lauro Mosquer: lutar, lutar e lutar. A sociedade precisa nos ajudar, porque do jeito que está não dá pra ficar. E espero que essa campanha da ZH dê algum resultado prático. Obrigado!
   
    DENÚNCIA: diz: 26 de outubro de 2012
    Atualmente, existem milhares de professores que trabalham para o Estado na condição de contratados emergenciais ou coisa parecida e, absurdamente, a maioria deles NÃO foi aprovada no último concurso para o magistério (concurso no qual sobraram cinco mil vagas porque quase 60 mil professores não obtiveram os conhecimentos mínimos exigidos para aprovação), provando o que já se sabia há muito tempo: são profissionais despreparados para enfrentar os desafios que se apresentam à educação brasileira e desatualizados frente às teorias contemporâneas sobre educação e frete às novas tecnologias, sejam de informação e comunicação, sejam pedagógicas ou assistivas. DENÚNCIA: o fato é que esses profissionais serão mantidos nas escolas como professores e, o pior, é que ficarão ocupando as melhores vagas, nas escolas mais centrais ou aquelas consideradas modelo ou, ainda, aquelas com melhor estrutura e organização. Aos novos professores concursados sobrarão as vagas nas escolas que nem os contratados querem assumir, ou seja, periféricas, de difícil acesso, perigosas e completamente depredadas e desassistidas (terão que roer o osso). O que é terrível! Pois, parece-me óbvio que os novos professores não resistirão por muito tempo. Aí, a solução adotada pelo Estado será realizar um novo concurso público "barbada" de passar, tipo "mobral". Será uma forma de jogar a sujeira para debaixo do tapete. Contudo, em meio a toda essa lama, fica evidente as forças de permanência que atuam para perpetuar a realidade educacional neste país. E ainda vemos e temos que aguentar os palpites furados de pessoas que se dizem PHD, mas que parecem compartilhar um grande mal brasileiro - a dificuldade em interpretar textos e refletir criticamente. Não obstante, há muitos "doutores" que fazem concurso para lixeiro, parece mentira, mas é a pura verdade, pesquisem... A grande verdade é que, enquanto o salário para os professores for essa miséria ultrajante que pagam, o capital humano empregado nessa nobre função social será igualmente proporcional, uma M. Por isso eu falo aos aprovados no concurso do magistério, façam outros concursos. Se vocês passaram nessas provas consideradas muito difíceis, certamente serão aprovados em outros concursos para cargos com remuneração compatível com a dignidade humana. Também, o mercado de trabalho está desesperadamente procurando pessoas capacitadas e pagam ótimos salários... Só quero ver por quanto tempo esse pessoal desavisado vai aguentar a "roubada" em que estão se metendo... Veremos...
   
    XARÁ.pt diz: 26 de outubro de 2012
    Concordo com a leitora Ana Vergara, Ilustríssimo e Digníssimo Ministro do Supremo Tribunal de Justiça Federal realmente é um exemplo de Vencedor, apesar das adversidades... No entanto, vamos considerar o status do cargo que ocupa, o reconhecimento social, o ambiente em que trabalha e a sua remuneração básica, que, de partida, são R$ 26.000,00, isso sem contar o que é acrescido aos seus ganhos mensais e fora as vantagens do cargo. Ah, se não me engano, ele irá tirar uma licencinha saúde de 15 dias para tratamento de saúde... Realmente, é um bom exemplo de Vencedor! Não desmerecendo o Professor Ronald, que é um bom exemplo de vencedor, de guerreiro, que superou todas as expectativas nele depositadas, um idealista. Contudo, não dá para comparar com o Ilmo. Dr. Joaquim Barbosa, não é mesmo?! O salário de R$ 700,00 que será pago ao ex-faxineiro (que ganhava R$ 1.100,00 para limpar a escola) NÃO pode ser um bom exemplo de vencer na vida. Com essa grana não dá para viver bem nem que a vaca tussa. Ronald, acorda! Larga o seu currículo nas empresas, tenho certeza que você consegue uma remuneração muito melhor! Aproveite o momento, pois você é uma celebridade instantânea, por enquanto... Tem restaurante por aí que cobra muito mais do que o valor mensal pago a um professor por um jantar a dois... Pense nisso!
   
    Vasthy Schomerus diz: 26 de outubro de 2012
    O Ronald é mais um "sobrevivente" apaixonado, um idealista e eu me alegro por ele ao mesmo tempo que temo pelo futuro que o aguarda.
    Enquanto o Brasil não olhar com olhos de indignação pra a educação, nada vai mudar. Educação é a base de um país. Enquanto não se investir em professores, na educação e cultura vamos ser reféns de situações assim.( Mas isso parece clichê)
    Na verdade, o Brasil deveria ter vergonha de narrar esta história como algo extraordinário. Isso é o retrato do Brasil, onde os valores estão totalmente invertidos. Quem não merece se dando bem e quem deveria ganhar bem, "mendigando". Considero um herói qualquer um que abre mão de exercer outra profissão pra se tornar professor no Brasil! Não apenas por causa da má remuneração, mas por outros fatores como: Falta de segurança, falta de recursos , suporte emocional, etc. Que bom que a paixão ainda arde no coração de alguns, nossas crianças e jovens precisam disso. A falta de bons professores é apenas aponta do iceberg. Isso é uma bola de neve que não tem fim. Boa sorte pra você Ronald!!!
   
    Renata diz: 27 de outubro de 2012
Concordo em partes com o que tu diz... o salário aumenta pouco.. mas ele  trabalhava 8 horas.. mais a hora de almoço.. ele passava o dia inteiro na escola.. sendo assim, vai diminuir sua carga horária dentro da mesma, sim, aumenta o trabalho fora! Mas aí entra o sentimento de satisfação.. ele podeia limpar a escola todos os dias por não tr outra opção de emprego.. agora, como professor, tem um futuro! Pode sonhar!!! Pode fazer outro concurso, p municipio, pode seguir estudando e, quem sabe, lecionar em cursos de graduação!!! É o sentimento... Fazer o que gosta!! Sonhar e correr atrás desse sonho!!! Sem contar a admiração que deve receber de seu filho! Claro, o maior erro está na parte dos governantes por não valorizarem uma profissão essencial, como esta! Sou professora, amo o que faço.. trabalho bastante.. mas amo cada aluno com um sentimento parecido com o de mãe, talvez pelo fato deles terem apenas 6 anos e serem um pouco dependentes ainda! Escolhemos a carreira por vocação..dom..simpatia.. enfim, opção! Ninguém nos obriga... então se escolhemos, devemos escolher fazer o melhor, fazer a diferença na vida de cada aluno que passa pelas nossas mãos!!!!
 
http://wp.clicrbs.com.br/doleitor/2012/10/24/artigo-faxineiro-ou-professor/?topo=13,1,1,,,13
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