Jaqueline Silveira - 26/jun/2015, 19h50min
No final da assembleia, os professores elegeram os delegados da Confederação Nacional dos Trabalhadores em |Foto: Guilherme Santos/Sul21
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Em assembleia do Cpers/Sindicato na tarde desta sexta-feira (26), no Gigantinho, os professores aprovaram o estado de greve. O objetivo é pressionar o governo José Ivo Sartori (PMDB) a retirar do Legislativo projetos, como a da Lei Estadual de Responsabilidade Fiscal e o que transforma a licença-prêmio em licença-capacitação. Com essa decisão, a categoria poderá deflagrar a paralisação a qualquer momento, sem a necessidade de chamar os professores novamente para consulta. Contudo, uma nova assembleia foi aprovada para o mês de agosto.
“Esse é o momento que antecede a greve, vamos construir. O momento é de mobilizar, mobilizar e mobilizar”, explicou a presidente do Cpers, Helenir Aguiar Schürer, acrescentando que se o sindicato entender a necessidade de paralisar antes de agosto, a greve será iniciada.
Mas a categoria, que não lotou as arquibancadas do Gigantinho, se dividiu. Representantes da oposição à atual direção do Cpers defenderam o início imediato da greve e criticaram a passividade do sindicato em relação às medidas que vêm sendo tomadas pelo governo Sartori. Alguns professores chegaram a afirmar que “essa direção não pode ficar de joelhos” para o comando do Palácio do Piratini e a chamaram de “fracassada.” “Já está provado que na negociação com esse governo não haverá avanços. Não podemos correr o risco de perder nossos direitos. Essa direção irresponsável não sabe cumprir seu papel de unir a categoria”, disparou Rejane Oliveira, ex-presidente da entidade sindical, sob vaias de uma parte do Gigantinho.
Em resposta, os apoiadores da diretoria do Cpers defenderam que a paralisação precisa ser construída para evitar uma derrota, a exemplo do que ocorreu na gestão anterior, quando, segundo eles, ocorreram “greves mixurucas”. Isso porque os núcleos do interior foram consultados e a maioria teria acenado com o estado de greve. “A categoria está dizendo que ainda precisa se construir a greve, essa categoria sabe o momento certo, temos de acelerar, sim, o processo, mas hoje temos de votar e aprovar o estado de greve”, argumentou Helenir, que também recebeu algumas vaias.
A unanimidade da categoria só ocorreu num ponto: no coro das críticas ao governo Sartori. Os professores acusaram o governo de “atacar os direitos” dos servidores públicos. Entretanto, a maioria preferiu não fazer uma caminhada até o Piratini depois da assembleia, proposta pela direção. Além do estado de greve, os professores aprovaram mais pontos da pauta (confira abaixo), avalizadas no dia anterior pelo Conselho Geral do Cpers, como participação em atos que serão promovidos pelo Semapi e por trabalhadores da área da segurança, fazer paralisações e pressionar senadores a votar contra o projeto das terceirizações, que tramita no Congresso Nacional.
Também aprovaram a instituição de comitês de mobilização com o fim de preparar a paralisação e de um fundo de greve com os recursos – R$ 50 mil por mês – que eram repassados à Central Única dos Trabalhadores (CUT). Por decisão da assembleia realizada em março, o Cpers/Sindicato se desfiliou da CUT, não precisando mais fazer os repasses. Mesmo sem filiação à central, o presidente da CUT no Estado, Claudir Nespolo, acompanhou a assembleia da entidade. Os professores elegeram, ainda, cinco delegados à Confederação dos Trabalhadores em Educação (CNTE).
Pauta discutida e aprovada:
– Estado de greve;
– Utilização das redes sociais para pressionar os deputados estaduais a votar contra os projetos do governo José Ivo Sartori que prejudicariam os educadores;
-Paralisações e reduções de períodos como forma de preparação da categoria para greve e vigília nos dias de votações decisivas na Assembleia;
– Instituição de um calendário permanente do estado de greve com a realização de atos e atividades, além da manutenção das caravanas pelo Interior;
– Engajamento com os demais funcionários públicos em atos contra os ajustes fiscais dos governos, exigindo o combate á sonegação fiscal como solução para a crise financeira de todos os entes;
– Participação do ato em defesa dos servidores públicos, organizado pelo Semapi, no dia 30 de junho, na Praça da Matriz;
- Participação do ato dos trabalhadores da segurança no dia 7 de julho me Porto Alegre;
– Dar continuidade à pressão, por meio de e-mail, aos senadores com o fim de votarem contrários ao projeto das terceirizações;
– Realizar assembleia popular estadual da comunidade escolar e do funcionalismo público;
-Denunciar a ação das Coordenadorias Regionais de Educação (CRE) e da Secretaria de Educação de chamar os professores que aguardam nomeação para oferecer contrato temporário;
– Fazer moção de repúdio contra aprovação da PEC da redução da maioridade penal;
– Fazer moção de repúdio ao projeto de lei 190 que institui o Programa Escola sem Partido;
– Fazer moção de repúdio a qualquer tipo de manifestação de preconceito ou intolerância.
Fonte: http://www.sul21.com.br/jornal/em-assembleia-no-gigantinho-cpers-aprova-estado-de-greve/
Por Siden Francesch do Amaral, Professor e Diretor Geral do 14º Núcleo.