Juremir Machado da Silva - 04.03.14
No carnaval, constatação: corre solto o racismo no Brasil. Temos um racismo à brasileira muito eficiente: dissimulado, sinuoso, fingindo não ser o que é. Mulher negra ganha menos que homem negro, ambos ganham menos que mulher branca, que ganha menos que homem branco. Racismo e machismo. Racismo metido a simpático. Faz de conta que é só brincadeira, no melhor estilo “chora macaco imundo”. Nossos racistas adoram sofismar com frases manjadas:
– Eu não me ofendo quando me chamam de alemão.
– Nem eu quando me chamam de branquelo.
Pura astúcia. Sacanagem mesmo. Cérebro de ervilha. Racismo. O caso do ator negro Vinícius Romão de Souza, preso no Rio de Janeiro, acusado de ter agredido e assaltado uma mulher, é uma lição completa sobre as artimanhas do nosso racismo. Vinícius foi parar em cana – 16 dias – por ser negro e pobre. Nada mais do que isso. Na bucha. Aí vai para a cadeia em dois toques. Para sair, é uma novela, mesmo depois de concedida a liberdade provisória ou de ser admitida a inocência. É dose. A mulher fez uma baita burrada. Depois, ela se arrependeu. A engrenagem já estava em movimento. Como pará-la?
Nada de novo na banalidade do racismo nacional. Negro está sempre na mira, eternamente sob desconfiança. Parou perto de um carro de luxo já é suspeito. Aproximou-se na rua e já tem gente mudando de calçada com o coração na mão. Nosso racismo muda de pele e volta fortalecido. A principal característica do nosso racismo é a dissimulação.
É só carinho, um jeitinho de ser, na boa.
– Pô, tchê, a patrulha anda braba, não dá mais pra chamar negão de crioulo que já pegam no pé e falam em racismo!
Falam porque é racismo mesmo. Esse negócio de chamar de negão, de alemão, de baixinho, de comprido, essa história de realçar aspectos físicos é uma mediocridade. Não passa de bullying. Tem bullying de adulto, de criança, de idoso. A vítima acaba absorvendo, adaptando-se, aceitando, até, às vezes, achando que gosta da perversidade da qual é vítima. Na alma, fica uma ferida. Nos olhos dos outros, é colírio. O racista sempre acha que estão exagerando, dramatizando, enchendo o saco.
– Tchê, não dá mais esse politicamente correto.
Vinícius Romão viveu um filme de horror. Experimentou o clichê como realidade triste e recorrente. Nenhum juiz acordou de madrugada para libertá-lo. Liberdade de negro pode esperar a lenta tramitação do processo legal ou seja lá como se diz isso em juridiquês de branco. Aliás, se fosse crime de alto colarinho branco certamente as coisas andariam mais rápido. Lugares-comuns? Tão comuns quanto o preconceito contra os negros neste Brasil mestiço historicamente em brancas mãos. Melancólico mesmo é ouvir branco astuto filosofar:
– Essas cotas são um racismo invertido.
Blog do Juremir (04.3.14) - Correio do Povo
Por Siden Francesch do Amaral, Professor e Diretor Geral do 14º Núcleo.
Atenção:
CONSULTA JURÍDICA
No dia: Dia 07 de março de 2014 – sexta-feira
Manhã: das 9h às 12h
Tarde: das 14h às
17h
Informamos que os
advogados do Escritório Young Dias Lauxen e Lima - Advogados
Associados estarão
atendendo na sede do 14° Núcleo do CPERS/Sindicato (Rua Bento Gonçalves, 946 sala 101
Centro São Leopoldo).
Para consultas em geral (dúvidas funcionais e aposentadoria)
e para processos (Processos com o Escritório de
Advocacia Dal Agnol, piso salarial, parcela autônoma, promoções, revisão do
básico, concurso público, vale-refeição, indenização pela licença-prêmio não
gozada, lei Brito, lei Brito no gd, lei Brito no difícil acesso)
O
atendimento será por ordem de chegada.
Maiores informações: Fone 3592 4968
Fax 3591
3856
Por Joana Flávia Scherer, Assistente Geral do 14º Núcleo.
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Um comentário:
Assista ao documentário gravado por Dr.Valdecy Alves em que debate as principais violações à Lei do Piso do professor, Lei Federal nº 11738/2008, gravado na manhã de 06/03/2014. Além da análise de cada uma das violações desde 2008, demonstra as principais fraudes praticadas contra direitos dos professores contidos na lei e da educação de qualidade. http://valdecyalves.blogspot.com.br/2014/03/documentario-sobre-lei-do-piso-violada.html
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