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terça-feira, 4 de maio de 2010

Os desencantos de Dorotéia

Naquela noite a professora Dorotéia, por alguns momentos, sentiu um desânimo atravessar a alma.

A educadora já estava cansada de ouvir discursos de como ter um mundo melhor, mas na realidade as mudanças vinham a passos de tartaruga claudicante. E quando chegavam, devido à lentidão que ocorriam,  já estavam obsoletas.

Dorotéia estava decepcionada com muitos que pregavam transformações quando estavam no palanque, que criticavam com veemência políticas economicistas, mas quando chegavam ao poder, ou quando estavam no outro lado da mesa de negociação tinham uma prática semelhante...

A educadora no seu desencanto percebera que o mundo se tornara escravo dos números. Que os governos adoravam os números, sendo que aos poderosos era destinada a combinação numérica mais alta, enquanto aos trabalhadores cabiam os mais insignificantes dígitos.

Parecia tudo um jogo de cartas marcadas... Assim, os discursos mostravam-se totalmente antagônicos com a prática.

Era um mistério, um paradoxo. Dorotéia já havia destinado, muitas vezes, seu voto a candidatos que prometiam um mundo melhor aos que produziam as riquezas do país, mas enquanto trabalhadora em educação o que havia recebido até agora era somente desrespeito e reajustes salariais que beiravam ao escárnio. 

E o Piso Nacional dos Trabalhadores em Educação não saía do papel. A conquista que muitos alardeavam como histórica dormia em berço esplêndido no Supremo Tribunal Federal.  Era também uma situação paradoxal, pois se todos os setores da sociedade eram unânimes em afirmar que a educação de qualidade era indispensável para o avanço do país, por que a decisão final sobre tão importante lei andava a passos tão lentos?

A Lei do Piso Nacional valorizava o trabalhador em Educação. Tinha sido aprovada para vigorar a partir de Janeiro de 2010. Agora, estava esperando por julgamento derradeiro no STF, e enquanto a decisão não saía continuava a procurar moedas em sua carteira para satisfazer suas necessidades básicas.

Então,  a educadora teve uma idéia: poderia fazer-se presente nesses comícios eleitorais de políticos enganadores vestida de palhaça como forma de protesto. Mas desistiu. E o que a levou a desertar da idéia foi também uma prática baseada em números, ou seja, economicista. Lembrou-se, imediatamente, após a brilhante idéia, de que com o que ganhava, poderia apenas comprar o narizinho de palhaço.

E assim, naquela noite, Dorotéia adormeceu um tanto quanto desencantada, na esperança que num sonho surgisse uma forma de protesto menos dispendiosa. Quem sabe uma ala de mendigos, analogamente a do genial Joãozinho Trinta.

O Professor Siden Francesch do Amaral é Conselheiro 1/1000 e Diretor no 14º Núcleo do CPERS/Sindicato.

PT retira quórum para evitar aprovação de trem da alegria
Depois de ter três emendas rejeitadas pela base governista, a bancada do PT retirou o quorum da sessão desta terça-feira (4) para evitar a aprovação de um novo trem da alegria. Desta vez, os beneficiados seriam os servidores públicos ocupantes de cargos de secretário de Estado. O projeto do governo, que deverá voltar à ordem do dia na próxima semana, permite a opção entre o salário do órgão de origem e o subsídio dos secretários, fixado em R$ 11.564,00. Quando a escolha recair sobre a primeira opção, os secretário terão mais uma gratificação de R$ 6.938,85. “A proposta atenta contra a lei do subsídios,  que não permite a incorporação de nenhuma espécie de penduricalho aos vencimentos dos secretários. Além do mais, é inaceitável a concessão de um benefício desta ordem para quem já teve um considerável reajuste no contracheque quando há pouco tempo a Assembleia aprovou migalhas para o magistério gaúcho”, criticou o líder da bancada do PT, Elvino Bohn Gass.

A gratificação,  retroativa a 1º de julho de 2008,  será estendida a ex-secretários. “Não há argumento lógico para justificar este verdadeiro trem da alegria. Tal como foi apresentada pelo governo, a matéria é casuística, inoportuna e, se for aprovada, será uma completa desmoralização para o parlamento”, considera o deputado Raul Pont (PT).

Para o deputado Adão Villaverde (PT), o projeto  do Executivo “representa uma distorção num estado em que a política salarial produziu uma verdadeira aberração entre os menores e os maiores salários pagos pelo Estado”.

As emendas do PT, rejeitadas em plenário, suprimiam a gratificação e a retroatividade da lei. Como já estava em processo de votação, a matéria não pode mais ser retirada da pauta. No entanto, a expectativa do PT é de que a base governista reflita sobre o assunto e se some à oposição para derrotar o projeto. “Feito isso, o governo poderá enviar uma nova proposta que estabeleça regras remuneratórias para os secretários sem os vícios e inconstitucionalidades do projeto original”, acredita Bohn Gass. 

Olga Arnt - MTB 14323 | PT   17:11 - 04/05/2010
http://www.al.rs.gov.br/ag/noticias.asp?txtIdMateria=246746

Ode aos professores**

Juremir Machado da Silva*

Recebi esta pergunta: "Por que o senhor defende tanto os professores?". Achei, inicialmente, a pergunta estranha. Afinal, a resposta sempre me parecera óbvia. Depois, comecei a responder para mim mesmo. Embora seja impossível estabelecer objetivamente um ranking de profissões, eu acho o trabalho de professor o mais importante que existe, especialmente o de professor de ensino fundamental e médio, função que nunca exerci, embora tenha chegado a passar num concurso. Sei da importância dos médicos, dos engenheiros, dos padeiros, dos lixeiros e de tantos outros profissionais. Mesmo assim, considero que o professor é a base de tudo.

Por pensar assim, sempre vejo como injustos e até mesmo absurdos os salários pagos aos professores do ensino público. Não consigo aceitar que qualquer jogador de futebol ruim ganhe mais do que um professor. Esperamos dos professores que eles eduquem os nossos filhos, dando-lhes conhecimentos e valores. Depositamos enormes esperanças na atividade desses mestres de poucos recursos e muita perseverança. Cobramos muito. Pagamos pouco. A desculpa é sempre a mesma: os cofres públicos não comportam salários maiores para uma categoria tão numerosa. Essa explicação sempre me parece fácil, simplória, hipócrita e até canalha. É uma maneira de lavar as mãos. A culpa não é só dos governantes. É da sociedade. Por que não nos organizamos para pagar melhor os professores? Outro dia, na Rádio Guaíba, o senador Paulo Paim nos garantiu que não existe o rombo da Previdência Social. Autorizou-me a chamar de mentiroso quem afirme o contrário. Não perderei a oportunidade.

De minha parte, farei uma afirmação categórica: a sociedade brasileira pode pagar melhor seus professores. Não o faz por não os valorizar suficientemente. Volta e meia, ouço alguém atacar os professores dizendo algo assim: "Se não estão satisfeitos que mudem de profissão". Nunca ouço argumento semelhante aplicado aos grandes proprietários que pedem subsídios aos governos. Os professores viraram saco de pancada. Os governantes empurram com a barriga o eterno problema dos baixos salários. Por toda parte, vejo professores trabalhando duro e ganhando pouco. Ser professor é cada vez mais difícil e bonito. Hoje, além de saber passar informações, é preciso saber educar num ambiente de liberdade. Muita gente tem saudades dos castigos corporais e dos métodos medievais nas escolas. São os mesmos que sentem saudade da ditadura militar e que fecham os olhos para a tortura.

Imagino um leitor conservador dizendo-se que estou empilhando clichês ou fazendo demagogia. Num ano eleitoral, eu espero que algum candidato apresente um plano consistente para a educação. Teria meu voto. Toda hora alguém diz que só a educação muda um país. Para que a educação mude um país, no entanto, o país precisa mudar a sua educação. Um bom começo seria pagar melhor os professores. Eu não me importaria de pagar mais impostos para isso. Pagar impostos pode ser muito bom. Faz bem para a sociedade. Não há serviços sem impostos. Jamais.

*Juremir Machado da Silva é jornalista e professor

**Artigo publicado no jornal Correio do Povo, de Porto Alegre/RS, edição do dia 4 de maio de 2010

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