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terça-feira, 9 de abril de 2013

Dorotéia, o banco, a hora-atividade e a luta

Por Siden* - 19.03.13
Num dia desses, no Banrisul, encontro-me com a professora Dorotéia. Após troca de abraços, iniciamos um descontraído “bate-papo”.

- Vieste pegar um talão de cheque também?, indago.

- Que talão de cheque? Não tenho mais acesso a ele. E complementa:

- Nem talão de cheque, nem crédito minuto. Aliás, meu crédito minuto já virou horas, meses, meses de dívida... E continuou:

- Acho que descobri porque o governo Tarso não paga o Piso!

Surpreso com a possível novidade, pergunto à educadora:

- Fale mais sobre essa descoberta... A resposta surpreende.

Dorotéia dispara:

- Pois, se pagar o Piso o Banrisul quebra...

- Como assim?

- Quanto você acha que o Banrisul arrecada de juros mensais só dos educadores? E sem risco, pois o desconto é em folha... E complementa:

- Esse governo fora da lei nos deve, e muito, e, ainda, através de seu banco estatal, nos cobra juros de mercado (astronômicos) quando nos concede empréstimos...

- Quando a professora mencionou a expressão “nos deve, e muito” lembrei-me também das RPVs, dos Precatórios, além do Piso Nacional, é claro...

Com a intenção de animar a educadora, inventei de afirmar:

- Mas, esse governo dá reajustes, aumentos...
 

Então, com voz inflamada, Dorotéia deu um discurso que a metade dos presentes ao banco ouviu:

- Deixa de ser ingênuo! Não existe reajuste ou aumento se o governo não pagar o Piso. Esse discurso de reajuste, de aumento real, é só para enganar os incautos. E arrematou:

- Governo que não paga o Piso, que não cumpre a Lei, não tem o direito de falar em reajuste. É outro engodo do Executivo estadual.

E a hora-atividade, indaguei?

- Quanto a isso, já estou cumprindo o que a Lei do Piso me concede. Aliás, temos uma liminar judicial nos garantindo isso. Estou trabalhando em sala de aula 13 períodos. E, novamente, com a voz inflamada, afirmou categoricamente:

- NINGUÉM PODE SER PUNIDO POR CUMPRIR A LEI!

Após essa frase, em que metade das pessoas que estavam no banco naquele momento se virou em nossa direção. Ironicamente, ela arrematou:

- O GOVERNO NÃO CUMPRE A LEI DO PISO E NÃO ACONTECE NADA...

Com a intenção, novamente, de acalmar a educadora lutadora, mudei de assunto.

De repente, ela me questionou incisivamente:
- Você vai à Brasília no dia 24 de Abril?

- Estou vendo espaço na minha agenda, respondi.

Então a professora, com contundência, afirmou:

- Eu irei. Estarei com todos os lutadores que realmente defendem os trabalhadores. Estarei com aqueles que não captularam, que não ficam de joelhos para os governos e os capitalistas, esperando as migalhas que escorrem de suas mesas opulentas. Estarei com todos que lutam por uma vida digna, dizendo não ao ACE (Acordo Coletivo Especial), exigindo o cumprimento da Lei do Piso Nacional, a anulação da Reforma da Previdência, entre outras reivindicações.

E quase discursando arrematou:

- Quero estar junto com os companheiros da CUT pode Mais, da CONLUTAS, CPERS/SINDICATO e demais organizações leais aos trabalhadores nesse dia de Luta.

Nesse momento, chegou a vez de Dorotéia ser atendida. Nos despedimos.

Ao sair do Banco, peguei minha agenda e anotei:

Dia 24 de Abril, data de estar em Brasília com todos os lutadores que não se entregam.

*Siden Francesch do Amaral é Diretor-geral do 14º Núcleo CPERS/Sindicato.
http://www.cpers.org.br/index.php?cd_artigo=451&menu=36
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