Prof. Siden *
Naquela manhã de inverno, fria e nebulosa a professora Dorotéia acordara com uma música na cabeça. Procurava lembrar-se da letra, mas não conseguia, também não recordava quem a cantava. Apenas uma parte permeava ao cérebro, a parte da melodia que dizia “os meus sonhos ninguém rouba” ao que ela acrescentava mentalmente: “ Ninguém rouba, nem destrói.A educadora sabia que sobre o governo do Estado pesava muitas denúncias de corrupção, mas o que não era, apenas denúncia e sim certeza à professora, que esse governo Neoliberal de YEDA queria roubar dos educadores os sonhos de uma vida digna e a esperança de uma aposentadoria distante da penúria e da miséria. Dorotéia chegara ao momento de tolerância Zero a esse governo, já estava cansada de tanta mentira, do embuste do déficit Zero, das pesquisas manipuladas, arquitetadas para destruir os planos de carreira dos trabalhadores em educação.A professora estava, também, indignada com o cinismo de alguns deputados que se negavam a ser signatários à abertura da CPI da Corrupção, embora soubesse que o povo gaúcho daria a resposta, a esses, nas próximas eleições. No entendimento da educadora chegara o momento do tudo ou nada, já que o legislativo e o judiciário pareciam fazer uma Gestão de Surdos, pois esses dois poderes pareciam não terem ouvidos aos clamores da sociedade sul-riograndense que pediam a apuração das denúncias de corrupção do governo autoritário, truculento e covarde de YEDA.Dorotéia convidava à mobilização todos os seus colegas, nomeados, contratados e inativos, pois todos seriam atingidos, caso o governo lograsse êxito na destruição dos Planos de Carreira dos trabalhadores em educação.Muitos governos tinham frustrado os educadores aos seus ideais de uma realização profissional plena, mas enquanto pulsasse nas veias de Dorotéia o sangue de brasileiro, que não desiste nunca, ninguém roubaria seus sonhos, suas esperanças de dias melhores para todos. Os meus sonhos ninguém rouba e nem mata, cantarolou novamente a professora. É preferível o cansaço da luta do que a vergonha de ter se omitido num momento histórico da categoria, arrematou. Não seria um governo fragilizado, repudiado pela opinião pública que liquidaria com os seus sonhos...Naquela manhã seria realizada uma Plenária do CPERS/SINDICATO em sua região, em defesa dos Planos de Carreira.A educadora pegou a bandeira do Sindicato, vestiu a camiseta que fazia alusão à defesa dos ideais dos educadores e desta vez, bradou: OS MEUS SONHOS NINGUÉM ROUBA E NEM MATA! FORA YEDA!Então, placidamente, iniciou o trajeto que a conduziria à Plenária e era flagrante a alegria estampada em seu semblante. Alegria de quem tem a coragem de lutar por seus sonhos...
* Siden Francesch do Amaral é Conselheiro no 14º Núcleo do CPERS/SINDICATO e Vice-Diretor de Escola Estadual.
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