Dia após dia, uma enxurrada de denúncias envolvendo a governadora Yeda aumenta a desconfiança sobre as relações constituídas dentro do palácio Piratini. É crescente o descontentamento do povo gaúcho com as medidas de redução do estado e dos serviços públicos.
Os acordos firmados com o Banco Mundial para o refinanciamento de parte da dívida do Estado com a União hipotecaram os planos de carreira, a garantia de uma aposentadoria digna e a perspectiva de cumprimento da Lei do Piso, questionada pela governadora no STF.
Entretanto, seria errado pensarmos que a crise paralisou o governo. É visível o processo de desconstituição do ensino público e a degradação da qualidade das escolas.
A "saída" que o governo do estado apresenta passa pelas chamadas “parcerias” com o setor privado. O que o jornal Zero Hora, do dia 7 de julho, noticiou já vínhamos alertando há muito tempo. A matéria publicada começa dizendo “Imagine uma escola pública onde os alunos possam visitar uma exposição real sobre corpo humano para complementar as aulas de biologia. Onde os professores mais dedicados recebem um prêmio anual equivalente a R$ 900 para comprar livros, assistir a peças de teatro ou repor um móvel da casa.”
Esse exercício de “imaginação” do jornal se concretiza no acordo firmado entre a Secretaria de Educação e o Unibanco, uma das instituições financeiras que se “lambuza” com as altas taxas de juros no Brasil.
Dessa forma, ao invés do estado garantir um ensino de qualidade para todos, transforma os diretores em vendedores de suas próprias escolas, em troca da entrega da administração pedagógica para uma instituição financeira.
O que é um direito passa a ser resultado de “caridade” de empresários e a receita apontada pelo governo estadual para acabar com os índices abaixo da média obtida pelos alunos nas avaliações externas remete à visão da educação como “mercadoria”. O governo não investe, na educação, os valores previstos em Lei e aposta nas instituições privadas para "ajudar" apenas algumas escolas na solução de problemas que o próprio governo não resolve.
Além disso, experiências recentes em escolas de Porto Alegre demonstram que esse programa, baseado na “premiação” e no trabalho voluntário – instituição estranha ao serviço público – deflagra uma guerra entre os professores na busca pelos “prêmios”.
Não se trata de coincidência. Esse programa está sintonizado com a política de concorrência e de premiação anunciada pela Secretária de Educação no projeto de confisco do plano de carreira.
Quem defende a escola pública, os direitos e as conquistas duramente alcançados, só tem uma saída: defender os planos de carreira, lutar pela implementação da Lei do Piso e expurgar o governo Yeda e sua política. Para isso, convido todos os colegas a se somarem ao calendário de atividades definido pelo nosso sindicato, elegendo representantes nas escolas e abrindo esse debate para toda a comunidade escolar.
Saudações Sindicais
Luiz Henrique Becker
Representante 1/1000
14º Núcleo CPERS Sindicato
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