O triste episódio protagonizado pela governadora gaúcha, indiscutivelmente, reafirma sua postura autoritária e arrogante frente a quem se opõe ao seu projeto político e a quem não admite os atos de improbidade e de corrupção que assolam o governo do Estado.
Porém, para a categoria dos trabalhadores em educação, em particular, outra postura indigna da governadora ficou comprovada: o seu total desrespeito com quem conduz cotidianamente e a duras penas as escolas públicas do Rio Grande do Sul. A ofensa de “torturador”, lamentavelmente, não foi um gesto impensado de quem se encontra no calor de uma discussão, mas significou, sim, a expressão crua da concepção política da governadora sobre os professores e demais profissionais da educação. E isso é muito grave dentro de uma sociedade que preza pela democracia.
O desrespeito aos educadores públicos do RS, no entanto, não para nos dizeres e gestos da governadora. Ele se caracteriza pelas inúmeras escolas de latão espalhadas pelo Estado, pelo salário de R$ 288,60 pago mensalmente a quem ingressa na carreira de magistério para cumprir carga horária de 20 horas semanais. Também se manifesta pelo descumprimento dos demais preceitos da Lei do piso salarial profissional nacional, que prevê vencimentos iniciais no valor de R$ 1.132,40 e a destinação de 1/3 (um terço) da jornada do professor para hora-atividade (trabalho extraclasse). Coincidentemente, a ofensa aos educadores ocorreu exatamente no dia em que a Lei do piso do magistério completou 1 ano, sem que a governadora a cumprisse.
Diante dos fatos registrados pelas lentes fotográficas, câmaras de televisão e boletins policiais, esperamos que o Ministério Público do Rio Grande do Sul assuma sua postura independente para apurar a ação da Brigada Militar, as ofensas da governadora aos educadores e para desvincular o ato político de “crime de formação de quadrilha”, ou qualquer outra tipificação que a governadora tenta imputar aos que exigiam o impeachment de uma mandatária que não consegue mais escamotear a corrupção e os desmandos em seu governo.
Diretoria Executiva da CNTE
Brasília, 21 de julho de 2009
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