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quarta-feira, 20 de junho de 2012

Estudando no galpão

O jeito é improvisar: CTG virou sala de aula na Capital
Por problemas na rede elétrica, 180 alunos da Escola Nehyta Martins Ramos, no Bairro Belém Novo, têm aulas em galpão desde o dia 28 de maio
Denise Waskow -
20/06/2012 | 06h53
Com cadernos, lápis e pastas amontoados sobre as mesas do CTG Lanceiros do Sul, cerca de 180 alunos do primeiro ao sexto ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental Nehyta Martins Ramos, no Bairro Belém Novo, se esforçam para não deixar de estudar. Desde 28 de maio, eles ocupam o espaço improvisado.

O prédio do colégio foi interditado no dia 15 de maio, devido a problemas na rede elétrica e risco de um curto-circuito.

- Aulas só no turno da manhã

Outros 101 alunos, da Educação de Jovens e Adultos (Eja) do turno da noite, estudam em oito salas cedidas em uma escola próxima. A mudança já provocou desfalques: dos 328 estudantes matriculados, 47 já desistiram.

- Não temos recreio, não temos telefone, não conseguimos entregar avaliação do primeiro trimestre e as aulas são só de manhã - relata a diretora Mara Regina Romeira, 46 anos.

- "Não dá para entender direito"

As turmas da manhã e tarde foram reunidas e, como não há divisórias, cada uma ocupa algumas mesas, sob a supervisão das mestras.

- Aqui não dá para entender direito, tem bastante barulho. Eu queria estudar no meu colégio - conta o aluno do quarto ano, Dionatan Rocha de Oliveira, dez anos.

A professora dele, Nilda Souza, 37 anos, afirma que já percebeu queda na aprendizagem, apesar dos esforços da equipe para diminuir o prejuízo dos alunos.

Carol não quer colégio improvisado

- Eu não quero estudar no galpão.

Acostumada a ter aulas em um local com estrutura adequada, Carolina Fernandes Vargas, sete anos, não consegue entender por que deve ir estudar no CTG. É só falar em ir até lá, que a menina chora. A mãe, a dona de casa Andréia Mello Fernandes, 36 anos, entende a vontade da filha e não se conforma com a situação da escola.

- Não adianta nada ir para o colégio naquelas condições e não aprender nada. Ela sempre foi boa aluna, gosta de estudar e agora se preocupa, tem medo de rodar - lamenta a mãe.

Ela conta que a filha, aluna da segunda série, fica entediada em casa, olha para os cadernos, sente falta dos coleguinhas e da professora.

Merenda é prejudicada
Além dos danos à aprendizagem, a alimentação das crianças também fica prejudicada. O botijão de gás que a escola instalou para utilizar o fogão do CTG foi roubado, e as merendeiras não podem cozinhar. As crianças recebem apenas lanche e bebidas prontos, comprados diariamente. E os cuidados com a higiene dos utensílios precisam ser redobrados.

- Não dá nem vontade de vir trabalhar. Eles precisam da alimentação. Antes tinha arroz, feijão, salada, frutas. Agora é só lanche - desabafa a merendeira Eliane Benites, 37 anos.

A direção pretende comprar lenha nos próximos dias e utilizar o fogão campeiro que existe no meio do galpão para cozinhar a merenda.

Reforma vai demorar um mês
O diretor administrativo adjunto da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), Roberto Adornes, explica que uma equipe da Secretaria de Obras esteve na escola ontem, fez um levantamento das necessidades e orçou a reforma elétrica total em R$ 400 mil. Por se tratar de um reparo emergencial, ele será feito com dispensa de licitação. Assim, Roberto acredita que até quarta deve ter a empresa que executará a obra.

- A partir daí, deve levar uma semana para empenho, contrato e dar a ordem de início - explica.

Ele estima que a reforma deva levar cerca de 30 dias.

Fonte: DIÁRIO GAÚCHO
Por Siden Francesch do Amaral, Professor e Diretor Geral do 14 Núcleo.

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