Decisão de 1º grau obriga montadora a ressarcir o Tesouro
O estado do Rio Grande do Sul ajuizou ação contra a Ford ainda durante o governo de Olívio Dutra (1999/2002), solicitando o ressarcimento de R$ 42 milhões de financiamentos concedidos, R$ 92,9 em subvenções e outros R$ 33 mil relativos a estudos técnicos e análises para disponibilização de infraestrutura. Os valores deverão ser corrigidos pelo IGP-M a contar da data de sua liberação e acrescido de juros legais.
Entre as alegações apresentadas pelo Estado está o fato de que, no início de 1999, a empresa prestou contas da primeira parcela do financiamento recebido, no valor de R$ 42 milhões remetidos à Auditoria-Geral do Estado (Cage), que concluiu pela insuficiência da comprovação de grande parte das despesas. Do restante não foi prestado conta. Além disso, segundo o processo, antes da conclusão dos trabalhos da Cage, a empresa já havia se retirado do empreendimento por iniciativa própria, anunciando sua ida para o estado da Bahia, sem encerrar as tratativas oficiais com os representantes do poder público estadual.
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Em nota oficial, a Ford informou que por enquanto não se manifestará sobre o processo instaurado pelo governo gaúcho, pois a cobrança ainda encontra-se sub judice. A empresa afirmou que aguarda uma solução final por parte dos órgãos competentes. A íntegra do processo, sob o número 10503162640, pode ser consultada no site do Tribunal de Justiça do RS (www.tjrs.jus.br).
Reportagem de Marcelo Beledeli
Leia mais no Jornal do Comércio: http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=29892
FORD: Ivar Pavan afirma que dívida política é irreparável
Justiça confirma que montadora rompeu o contrato e deve ressarcir o RS
“A decisão prova duas coisas: primeiro que a oposição ao governo Olívio Dutra, juntamente com o governo federal da época, operaram para que a Ford saísse daqui e fosse para a Bahia. Segundo, que a Ford não foi mandada embora, mas foi embora descumprindo o contrato e deixando as contas para pagar”, registra o parlamentar.
“Perdemos aquela eleição por conta de uma falsa acusação articulada pela oposição. O mínimo que se espera é o que o Estado seja ressarcido financeiramente, já que a injustiça política jamais será reparada”, registra Ivar Pavan.
Oposição articulou saída da montadora
Líder do governo Olívio Dutra na Assembleia Legislativa por três anos, Pavan foi um dos mais aguerridos defensores do Executivo num período que a gestão foi alvo de intensas acusações infundadas de que teria forçado a multinacional a instalar-se na Bahia.
“O governo foi condenado publicamente com a acusação de ter mandado a Ford embora. A sentença judicial prova que o governo estadual não teve responsabilidade pela rescisão”, aponta o deputado, lembrando da capitalização política feita sobre o fato de modo injusto. “É bom que a verdade apareça, mas é importante lembrar que, por conta desta acusação, nós, do PT, perdemos a eleição”.
A montadora recorreu da decisão da Justiça estadual, tomada em dezembro do ano passado, mas só divulgada pela imprensa essa semana.
Stela Pastore - MTB 7586 | PT 18:00 - 02/06/2010
http://www.al.rs.gov.br/ag/noticias.asp?txtIdMateria=248460
R$ 800 milhões
Esta é a quantia, em valores atuais, que a Ford terá de pagar ao Estado do RS, se perder recurso.
Uma década após a montadora Ford rescindir contrato e desistir de construir sua fábrica na cidade de Guaíba, a Justiça Estadual do Rio Grande do Sul condenou a empresa a indenizar o governo do Estado em R$ 134 milhões, valor relativo à época. Hoje, o montante pode ser calculado em cerca de R$ 800 milhões. A decisão dada pela juíza Lilian Cristiane Siman, da 5° Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre, em 15 de dezembro de 2009, e noticiada por Sul 21 nesta segunda-feira (31) ainda não é definitiva.

Para Olívio Dutra, a questão envolve mais que cálculos, “porque nunca faltou razão para tomarmos as atitudes que tomamos na época. A empresa não tinha como levar todos os benefícios que estavam sendo pleiteados. Eu lembro que eram 30 cláusulas e 29 delas, obrigações do estado com a empresa”. Segundo o então governador, a maior prova da habilidade de negociação do governo foi a instalação da General Motors na cidade de Gravataí. “A GM aceitou a negociação. Sentou conosco, discutiu. Reduzimos em mais de R$ 100 milhões o que o Estado teria de gastar nas tratativas para a instalação da GM no Rio Grande do Sul”, relembra.
Yeda Crusius e a Ford na Bahia

Da mesma forma, o atual Secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, não demonstra surpresa em relação ao tema, embora também não soubesse da sentença. Secretário Estadual da Fazenda do Rio Grande do Sul entre 1999 e 2000, Augustin defende que a decisão era o esperado por quem esteve no governo na época. “É simples, essa ação mostra que a posição que defendíamos, de que a Ford que havia rompido o contrato, estava correta. A vitória judicial corrobora a posição que o Estado e o governador Olívio Dutra defendiam”.
A decisão reconhece que a Ford foi responsável pelo rompimento do contrato e que o governo cumpriu os pontos previstos no acordo firmado em março de 1998. Em 1999, a montadora teria que fazer uma prestação de contas sobre os gastos com o projeto no Rio Grande do Sul, mas os documentos foram considerados insuficientes pela Contadoria e Auditoria Geral do Estado (Cage).


O documento segue: “Sob essa perspectiva fática, vislumbra-se de forma objetiva, que quem deu causa à rescisão foi a Ford, e não o Estado. Por isso, secundária qualquer discussão quanto à validade das cláusulas contratuais, pois rescindido o contrato unilateralmente pela Ford, resta, tão-somente, a verificação dos efeitos da rescisão e não a análise acadêmica do conteúdo do contrato, diz o parecer”. Ou seja, conforme a sentença, antes mesmo da conclusão dos trabalhos da Cage, a Ford já havia se retirado do empreendimento por iniciativa própria, anunciando a ida para a Bahia – sem responder as inúmeras tentativas de negociação do Estado.
Clarissa Pont
clarissapont@sul21.com.br
http://www.sul21.com.br/index.php/permalink/destaque/17
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