Profª Daniela*
Faz alguns anos que leciono em um município vizinho e meu sonho sempre foi passar, bem colocada, em um concurso aqui em Novo Hamburgo, a cidade em que nasci, me criei, estudei e que, principalmente, era considerada um exemplo em educação: professores valorizados e escolas qualificadas.
Passar num concurso para entrar no quadro do magistério em nossa cidade era como um prêmio na loteria, precisava de muita sorte ou estar muito bem preparado. Eram muitos candidatos, além dos recém formados, vinham professores de cidades vizinhas com anos de experiência e titulação. Todos dispostos a largar tudo para assumirem o município de Novo Hamburgo. Lembro que, às vezes, ao fazer cadastro em lojas, a funcionária perguntava se eu lecionava aqui, como se desse status ser professora em nossa cidade. Pois agora penso...O sonho acabou! Novo Hamburgo perdeu seu “slogan”, deixou de ser a cidade da educação. Para não ser diferente, a educação “pagou o pato ou quem sabe o peru”.
Vivemos há pouco tempo o drama dos professores hamburguenses tentando defender seus direitos. A fala do governo era que os atuais funcionários nada perderiam, mas os educadores pareciam não acreditar muito nisso e lutaram para assegurar o plano de carreira, meio a muita polêmica. Acredito que tenha havido muita indignação e alguns ânimos tenham se exaltado. Isso é comum em qualquer reivindicação, claro que é uma pena, porque sempre usam isso como arma contra a categoria. Dizendo que devemos lembrar que somos educadores e exemplo para as crianças. É claro, que sou contra atos agressivos e acredito que não trazem benefícios. Mas ficar quietinho aceitando tudo é um bom exemplo para os futuros cidadãos? Ser medíocre e usar a velha frase: “foi sempre assim”, é um bom exemplo? Como bem dizia nosso grande mestre Paulo Freire “não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão”.
Agora está previsto um novo concurso, já vinha pensando na possibilidade de tentar mais uma vez: agora tenho experiência e estou cursando pós-graduação. Mas vai valer a pena? Quero ser valorizada com um bom salário e um plano de carreira decente. Sou uma professora dedicada e estou sempre me atualizando, penso que meus alunos, a sociedade e eu merecemos uma educação pública de qualidade. Isso inclui salário e vantagens, afinal professor não vive só de vocação. Novo Hamburgo já teve esse olhar para a educação, mas parece que algo se perdeu e com muito pesar lamento esse retrocesso. Apesar de ter perdido um sonho, não perdi a capacidade de sonhar e continuo acreditando que um dia as coisas possam mudar.
Daniela Correia da Silva é Professora Municipal
Novo Hamburgo - RS
Passar num concurso para entrar no quadro do magistério em nossa cidade era como um prêmio na loteria, precisava de muita sorte ou estar muito bem preparado. Eram muitos candidatos, além dos recém formados, vinham professores de cidades vizinhas com anos de experiência e titulação. Todos dispostos a largar tudo para assumirem o município de Novo Hamburgo. Lembro que, às vezes, ao fazer cadastro em lojas, a funcionária perguntava se eu lecionava aqui, como se desse status ser professora em nossa cidade. Pois agora penso...O sonho acabou! Novo Hamburgo perdeu seu “slogan”, deixou de ser a cidade da educação. Para não ser diferente, a educação “pagou o pato ou quem sabe o peru”.
Vivemos há pouco tempo o drama dos professores hamburguenses tentando defender seus direitos. A fala do governo era que os atuais funcionários nada perderiam, mas os educadores pareciam não acreditar muito nisso e lutaram para assegurar o plano de carreira, meio a muita polêmica. Acredito que tenha havido muita indignação e alguns ânimos tenham se exaltado. Isso é comum em qualquer reivindicação, claro que é uma pena, porque sempre usam isso como arma contra a categoria. Dizendo que devemos lembrar que somos educadores e exemplo para as crianças. É claro, que sou contra atos agressivos e acredito que não trazem benefícios. Mas ficar quietinho aceitando tudo é um bom exemplo para os futuros cidadãos? Ser medíocre e usar a velha frase: “foi sempre assim”, é um bom exemplo? Como bem dizia nosso grande mestre Paulo Freire “não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão”.
Agora está previsto um novo concurso, já vinha pensando na possibilidade de tentar mais uma vez: agora tenho experiência e estou cursando pós-graduação. Mas vai valer a pena? Quero ser valorizada com um bom salário e um plano de carreira decente. Sou uma professora dedicada e estou sempre me atualizando, penso que meus alunos, a sociedade e eu merecemos uma educação pública de qualidade. Isso inclui salário e vantagens, afinal professor não vive só de vocação. Novo Hamburgo já teve esse olhar para a educação, mas parece que algo se perdeu e com muito pesar lamento esse retrocesso. Apesar de ter perdido um sonho, não perdi a capacidade de sonhar e continuo acreditando que um dia as coisas possam mudar.
Daniela Correia da Silva é Professora Municipal
Novo Hamburgo - RS
Por Siden Francesch do Amaral.
Nenhum comentário:
Postar um comentário