Por Hildegard Angel - Jornal do Brasil (08/01/10)
CHEGA UMA hora em que não aguento, tenho que falar. Já que quem deveria falar não fala, ou porque se cansou do combate ou porque acomodou-se em seus novos empregos… POIS BEM: é impressionante o tiroteio de emails de gente da direita truculenta, aqueles que se pensava haviam arquivado os coturnos, que despertam como se fossem zumbis ressuscitados e vêm assombrar nosso cotidiano com elogios à ação sanguinária dos ditadores, os quais torturaram e mataram nos mais sórdidos porões deste país, com instrumentos de tortura terríveis, barbaridades medievais, e trucidaram nossos jovens idealistas, na grande maioria universitários da classe média, que se viram impedidos, pelos algozes, de prosseguir seus estudos nas escolas, onde a liberdade de pensamento não era permitida, que dirá a de expressão!… E AGORA, com o fato distante, essas múmias do passado tentam distorcer os cenários e os personagens daquela época, repetindo a mesma ladainha de demonização dos jovens de esquerda, classificando-os de “terroristas”, quando na verdade eram eles que aterrorizavam, torturavam, detinham o canhão, o poder, e podiam nos calar, proibir, censurar, matar, esquartejar e jogar nossos corpos, de nossos filhos, pais, irmãos, no mar… E MENTIAM, mentiam, mentiam, não revelando às mães sofredoras o paradeiro de seus filhos ou ao menos de seus corpos.
Que história triste! Eles podiam tudo, e quem quisesse reclamar que fosse se queixar ao bispo… ELES TINHAM para eles as melhores diretorias, nas empresas públicas e privadas, eram praticamente uma imposição ao empresariado — coitado de quem não contratasse um apadrinhado — e data daquela época esse comportamento distorcido e desonesto, de desvios e privilégios, que levou nosso país ao grau de corrupção que, só agora, com liberdade da imprensa, para denunciar, da Polícia Federal, para apurar, do MP, para agir, nos é revelado…
DE MODO cínico, querem comparar a luta democrática com a repressão, em que liberdade era nenhuma, e tentam impedir a instalação da Comissão da Verdade e Justiça, com a conivência dos aliados de sempre… QUEREM COMPARAR aqueles que perderam tudo — os entes que mais amavam, a saúde, os empregos, a liberdade e, alguns, até o país — com aqueles que massacraram e jamais responderam por isso.
Um país com impunidade gera impunidade. A história estará sempre fadada a se repetir, num país permissivo, que não exerce sua indignação, não separa o trigo do joio… TODOS OS países no mundo onde houve ditadura constituíram comissões da Verdade e Justiça. De Portugal à Espanha, passando por Chile, Grécia, Uruguai, Bolívia e Argentina, que agora abre seus arquivos daqueles tempos, o que a gente, aqui, até hoje não conseguiu fazer… QUE MEDO é esse de se revelar a Verdade? Medo de não poderem mais olhar para seus próprios filhos? Ou medo de não poderem mais se olhar no espelho?…
Marco Aurélio Weissheimer - http://rsurgente.opsblog.org/
Entidades da sociedade civil saem em defesa do Programa Nacional de Direitos Humanos
Após reação do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) em defesa do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), outras centenas de entidades manifestaram nesta terça-feira (12) apoio ao programa que vem sofrendo críticas de militares, setores da Igreja Católica, e dos ministros da Defesa, Nelson Jobim, e da Agricultura, Reinhold Stephanes. Em nota divulgada pela Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong), pelo Fórum de Entidades Nacionais de Direitos Humanos (FENDH), pela Plataforma Brasileira de Direitos Humanos Econômicos Sociais, Culturais e Ambientais (Plataforma Dhesca Brasil) e assinada também pelo MNDH, as entidades lamentaram a “forte reação contrária de setores conservadores da sociedade brasileira” ao programa.
“Infelizmente, a ofensiva levada a cabo por setores da imprensa e de alas conservadoras da Igreja, militares e ruralistas, entre outros, tenta disseminar uma visão anacrônica dos direitos humanos, reagindo violentamente a qualquer tentativa de mudança deste quadro no país”, diz a nota.
De acordo com as associações, “é imprescindível tocar em questões como a democratização da propriedade e dos meios de comunicação e a abertura dos arquivos da ditadura militar (1964-1985)”.
Nesse ponto, as ONGs consideram o programa pioneiro “ao discutir a relação entre modelo de desenvolvimento e direitos humanos, afirmando também a impossibilidade de efetivar os direitos no Brasil se não forem combatidas as desigualdades de renda, raça/etnia e gênero e a violência nos centros urbanos e no campo”.
A nota também acusa os meios de comunicação comerciais de tolher o debate sobre o PNDH-3 e de esquecerem que a elaboração do programa é um compromisso internacional assumido pelo Brasil em 1993, na Conferência de Viena.
http://www.camera2.com.br/noticias.php?limpa_sql=0
Nenhum comentário:
Postar um comentário