Por Paulo Muzell
Na aparência eles são muito diferentes: ela, ex-professora da UFRGS e ex-comentarista da RBS TV, parece rápida, resoluta, mas na verdade, é ansiosa e precipitada. Tem pressa sempre, o que na verdade resultou, não raras vezes, em freqüentes trapalhadas como, por exemplo, a tentativa do “tarifaço” ou a compra da “super casa” antes de assumir. Depois da posse, veio a compra dos móveis e demais “apetrechos e utensilios familiares” sendo que a diferença foi que, desta vez, explicitamente com dinheiro público. Ele, ao contrário, é lento, no falar e no agir. Ar cansado, agenda curta com raros compromissos matinais, raramente se envolve, emite opiniões ou toma posições. Do tipo “não me comprometa”. Em inúmeras manifestações no Paço os servidores municipais usaram como representação e símbolo do Prefeito uma tartaruga; certamente isso não ocorreu por acaso.
Nos seus dois primeiros anos de governo (2007 e 2008) Yeda reduziu em 12,1 mil o número de servidores ativos da Administração Centralizada, uma redução de 9,1%. Só na educação e na saúde são 10 mil servidores a menos. Esse verdadeiro “desmonte” explica o desolador atual quadro de escolas fechadas, falta de professores em sala de aula, mau funcionamento dos postos de saúde. Adepta do PGQP-FIERGS, tentou - felizmente sem sucesso -alterar o estatuto do servidor e seus planos de carreira, substituindo vantagens por tempo de serviço por progressões e acréscimos salariais por cumprimento de metas, a chamada meritocracia. A velha estória do “burro com antolhos correndo atrás da cenoura amarrada à sua cabeça”.
Tentou ludibriar, escapando da lei federal do piso mínimo do professor, criando a “remuneração mínima” por jornada de 40 horas, uma espécie de abono variável que nivelava os salários por baixo, gerando pequenos reajustes e baixo aumento da folha (1%). Projeto rejeitado pela categoria em assembléia do CPERGS. Não concedeu reajustes gerais sequer para repor a inflação, foi por força de ações judiciais obrigada a começar a pagar atrasados da lei Britto e da Matriz Salarial da Segurança Pública. Para si e para os “da casa e de cima” foi generosa: aumentou seus subsídios em 143% e a remuneração do seu Secretariado. Os delegados e oficiais superiores da Brigada receberam reajuste diferenciados na faixa dos 20%.

O governo Fogaça terminou com a lei da bimestralidade dos reajustes salariais, trocou o IGP-M pelo IPCA anual, a ser pago no dissídio de maio. Recusou-se a sequer discutir perdas passadas reclamadas pelo SIMPA e no dissídio de 2009 alegou “dificuldades de caixa”, descumprindo sua própria lei ao não a pagar a integralidade da reposição. Carrasco com os “de baixo” – o básico de nível 2 é inferior ao mínimo nacional e é complementado por abono – é generoso com a turma “da casa” e os do topo da pirâmide. Alterou a legislação para aumentar a remuneração dos CCs cedidos, criou a GRF (gratificação de resultado fazendário) que aumentou os mais elevados salários da Fazenda Municipal, concedeu régio aumento para Procuradores e Assessores Jurídicos.
Na linha do “estreitamento de relações com o setor privado” tivemos no governo Fogaça a tentativa – felizmente frustrada – de entregar o cadastro fiscal do ISSQN da Fazenda para uma empresa privada. Entregou-se a reforma e a exploração do Araújo Viana a uma empresa, até agora sem nenhum resultado concreto. Construiu-se um Camelódromo com recursos privados e hoje a elevada inadimplência muito provavelmente assegurará elevados lucros ao “empreendedor” à custa do comprometimento de recursos públicos. O desmonte do DMLU fez com que a autarquia gaste mais com serviços de serviços de terceiros do que com folha de pessoal. E no DMAE, a “jóia da Coroa” da Prefeitura, nota-se mudanças que preparam sua futura privatização. A elaboração de um novo no plano de carreira na linha FIERGS-PGQP e a defesa pública de PPPs para viabilizar investimentos em captação de águas em locais mais distantes (bacia do Jacui) são os primeiros sinais. E onde há fumaça, há fogo. Fogaça lentamente prepara a privatização do DMAE.
by Marco Aurélio Weissheimer - http://rsurgente.opsblog.org/
Nenhum comentário:
Postar um comentário