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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Coffy perde mandato

TRE DECRETA PERDA DE MANDATO DE COFFY RODRIGUES POR INFIDELIDADE PARTIDÁRIA.
Para quem não lembra, Coffy (PSDB) foi o relator na CPI que inocentou Yeda de todas as denúncias de corrupção.
Por Siden*
Desenvolvimento Sustentável
Tenho recebido muitas mensagens defendendo o ambiente. Parece que estamos vivendo um tempo em que se tornou moda defender a natureza. E se digo, que virou moda, é porque essa defesa não passa das palavras. As ações, na prática, são muito restritas.

Ninguém pode ser ecologicamente correto e ao mesmo tempo ser consumista. Às vezes, fico estarrecido vendo consumistas contumazes defendendo a natureza. Acredito ser esse,  um dos grandes paradoxos modernos: defender a natureza e obstinadamente consumir...

Até o natal usava um celular que tinha comprado há três anos. Foi o meu primeiro celular. Resisti ao máximo  em adquirir essa modernidade, que para mim, até então,  parecia completamente dispensável.

Lembro bem quando liguei para a minha amiga Joana, assistente do 14º Núcleo do CPERS/Sindicato lhe avisando da novidade,  agora possuía um número de celular, o seu contentamento. Passei então,  a entender,  como facilitava esse aparelho,  quando precisamos localizar uma pessoa.

Às vezes dificulto a vida da assistente, tenho hábito de desligá-lo ao dormir e termino  esquecendo de ligar ao acordar. É evidente,  que para esse aparelho de comunicação cumpra sua função deve estar ligado...

Mas, voltando ao meu primeiro celular, nos últimos meses quando o mesmo tocava em público, já me sentia um tanto vexado ao atendê-lo, pois tinha recebido várias sugestões de amigos para trocá-lo por um mais moderno. Alguns até me diziam, sutilmente: tem operadora que está dando de graça...

Não entendia,  por que,  se meu aparelho funcionava,  tinha de trocá-lo. Meu vexame interior foi maior quando entrei numa “lan-house” que comercializava também esses aparelhos e lá estava o modelo do meu celular como peça de museu da loja. Fiquei feliz pelo meu aparelho não tocar naquele momento.

Todas as pessoas que me induziam à compra de um novo aparelho de telefonia móvel, na verdade estavam me induzindo a consumir e a alimentar o capitalismo e, no entanto,  são a favor da defesa do ambiente, da natureza.  Sem dúvida, eram atitudes contraditórias ao  que verbalizavam.

A verdade é que o marketing na economia capitalista tem como função produzir necessidades às pessoas.  Necessidades essas, completamente dispensáveis. Assim, o produto que compramos no ano passado, esse ano, já se tornará obsoleto e, numa velocidade espantosa, irá ocupar um lugar de destaque em algum museu.

O caso do celular foi apenas um dos exemplos que destaquei. O meu amigo Noé de Oliveira, companheiro do 14º Núcleo do CPERS, ao ler o ensaio desse texto, me lembrava que assim ocorria também com outros produtos como computadores, geladeiras e citou, inclusive,  as peças do vestuário.

Mas, o que se poderia esperar de uma economia, que tem que induzir as pessoas a consumir desenfreadamente para não entrar em colapso? A questão que se coloca, é como evitar, que um consumo dessa magnitude termine não batendo frontalmente com a integridade do ambiente,  da natureza.

Portanto, no meu modesto entendimento, defender a natureza, também significa, consumir o que for apenas indispensável e tentar resistir, quase heroicamente, aos apelos monumentais do marketing capitalista.

Antes de encerrar esse artigo e para que ninguém fique me monitorando no momento em que tocar meu celular chamando-o, cinicamente,  de tijolo (o que é uma injustiça, pois nem é tão grande assim), comunico que um amigo, menos resistente aos apelos do consumismo, me presenteou com um novo de natal. Junto com o abraço de natal ele me disse: é um aparelho com inúmeras funções. Acho que terei que fazer um curso para descobrir todas, ou pedir ao meu sobrinho de 9 anos para me dar algumas instruções sobre o mesmo.

Ironicamente, o amigo que me induziu a aposentar o celular que funcionava perfeitamente bem, não é capitalista e defende a natureza.  É evidente, também, que ele quis me poupar de certas situações de constrangimento, provocadas por alguns consumistas de plantão,  pseudos vanguardistas, que na verdade, não passam de fantoches do marketing consumista do capitalismo.

Finalmente, fico imaginando, num futuro bem próximo, a televisão, o celular transmitindo também odores, tornando todos os demais aparelhos coisas do passado. Quanto ao ambiente, esse pobre coitado, que feche as narinas...

*Siden Francesch do Amaral é Professor, Diretor no 14 Núcleo e Conselheiro no Cpers-Sindicato.

3 comentários:

noedaarca@gmail.com disse...

Meu Amigo Siden! Desculpe-me, mas não resisti, colocando umas fotos antigas de telefones. Tinha até de manivela.
Foi só por causa das férias, para descontrair e acrescentar mais alegria ao teu bom humor. Mas o assunto que levantaste é sério e merece a nossa reflexão. Obrigado Siden e um grande abraço!

noedaarca@gmail.com disse...

Aííí Siden! Em tua homenagem por este artigo, coloquei à disposição de todos o vídeo A História das Coisas, que vai ao encontro do que tu falas em relação ao desenvolvimento sustentável, ao capitalismo e ao consumismo desenfreado. Um grande abraço a todos que assistirem!

Anônimo disse...

Prof. César escreveu:
Valeu, colega Siden. - Adorei a sua crônica "Desenvolvimento Sustentável"!
Tenho vestido roupas usadas dos meus amigos a muitos anos: bermudas, calças, blusas, camisetas ,jaquetas, etc.
Outro dia saí por aí com uma mochila da Nike e uma camiseta da Adidas... Quandos os meus amigos/as que me conhecem a mais tempo me olhavam eu já fui dizendo: São trocas solidárias, são reciclagens e doações.
Agora estou fazendo feiras de trocas solidárias com os meus alunos. Não usamos dinheiro. Trocamos, simplesmente trocamos. Acho que estou viciado em trocas... quanto livro... vinil... blues.... camisetas... rádio... DVDs e CDs já foram trocados! Abraços
César Sor da Paz