Por Siden*
Domingo de manhã, quando comprava um bilhete de passagem numa rodoviária do Vale dos Sinos, para retornar à cidade em que moro, me deparei com o esfarrapado. Não era um pedinte comum, sua roupa era esfarrapada e estava de pés descalços, demonstrando um estado mísero singular. Seu rosto demonstrava que era jovem, entre 18 a 23 anos de idade.
Fiquei meditando por alguns momentos nos miseráveis, esquecidos pelo mundo, nessas andanças que tenho feito pelo Rio Grande.
Numa das noites do acampamento que participei com os colegas do CPERS/Sindicato, na Praça da Sineta, em resistência à manutenção dos Planos de Carreira, presenciei algo aterrador: naquela noite, resolvi junto com mais duas colegas procurar um local onde servissem café. Passava das 23 horas. Qual foi nossa surpresa ao passar por um daqueles prédios, com longas marquises? Pois vimos, sob uma delas aproximadamente quinze pessoas dormindo, uma ao lado da outra, como uma grande família.
São coisas que diuturnamente não vemos. E quando nos deparamos com os desafortunados do mundo, através do regime de urgência que vivemos, fingimos não vê-los.
Esse artigo não tem a intenção de criticar nem governos municipais, estaduais, nem o federal. Acredito que nós, cidadãos comuns, também somos omissos. Às vezes, infelizmente, pelo mundo feroz da nossa “civilização” tememos o nosso próximo, o nosso semelhante.
Alguns amigos já me disseram que essas pessoas se negam a habitar albergues, alguns com problemas psiquiátricos, outros dependentes químicos, mas sem dúvida, abandonados pela família (os que têm) e depois esquecidos pela sociedade em geral.
Acredito que teríamos que fazer um trabalho diferenciado, especializado para tentar incluir esses nossos irmãos ao nosso mundo. Afinal, não vivemos num tempo de inclusão, de cidadania?...
Finalmente, tenho acompanhado a tragédia no Haiti. Confesso que, às vezes, fujo dos noticiários. É muito sofrimento a presenciar. Fico feliz em saber que o Brasil, junto com a comunidade internacional tem ajudado aqueles irmãos do Planeta. Boa Sorte, irmãos haitianos, ou pelo menos, melhor sorte doravante...
*Siden Francesch do Amaral é Professor, Diretor no 14o Núcleo e Conselheiro da Região no Cpers-Sindicato.
Um comentário:
Professor Isaac escreveu:
Grande colega, apesar de não conhecê-lo, orgulho-me de pertencer à sua mesma categoria e ver que alguns colegas, não são todos, ainda olham para esta população marginalizada, não só em nosso País, mas em todo mundo. Professores, são pessoas do bem que sempre visam a minização das dificuldades de uma Sociedade. Pena que esta sociedade, não pense o mesmo em relação aos seus Professores. Nós poderíamos fazer muito mais e eles poderiam nos dar um grande retorno. Sabemos que as dificuldades são grandes, mas quem quer fazer acha uma maneira, quem não quer fazer arranja uma desculpa. Por isto acho que sua observação dá mais um chute na bola da concientização e esta vai rolar por todo o nosso estado, indo fazer os gols nos demais estados. Aqui, de longe, já na posição previlegiada, não financeiramente, mas de descanso por anos e anos em sala de aula, fico torcendo para que os gols sejam marcados e que não fiquem só no papel. Quem sabe não é por aí, o nosso caminho ou o complemento do nosso caminho. Um abraço Professor Siden, do seu Colega e Professor Isaac Nascimento de Almeida, ex-Conselheiro 1!1000 do CPERS Sindicato pelo 14º Núcleo de São Leopoldo - Residindo em Garopaba-SC
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