Eduardo Andrejew - Da Redação/GES
Porto Alegre - O senador Pedro Simon não cansa de bradar a diferença entre seu "MDB" e o PMDB nacional. Segundo ele, o "MDB" gaúcho é mais ético e defende um projeto para o País. Já o PMDB nacional estaria na vanguarda do que há de pior em matéria de fisiologismo e corrupção, além de se contentar em viver à sombra do poder. Essa divisão, porém, parece cada vez mais nebulosa.
Nos últimos tempos tem sido comum ver integrantes da ilustre ala gaúcha envolvidos em investigações. Três exemplos se destacam. O deputado estadual Luiz Fernando Záchia figura como réu na ação civil de improbidade administrativa que o Ministério Público Federal também move contra a governadora Yeda Crusius (PSDB). O deputado federal e secretário-geral da sigla no Estado, Eliseu Padilha, é suspeito de suposto tráfico de influência e fraude em licitações. O secretário de Habitação, Saneamento e Desenvolvimento Urbano, Marco Alba (PMDB), é investigado por supostas fraudes em licitação.
O ex-governador Germano Rigotto, é importante frisar, não sofre nenhum tipo de investigação. Mas opositores de Yeda (e do PMDB) não cansam de lembrar que foi durante a gestão dele o início da fraude do Detran. "Nunca chegou até mim nenhuma informação sobre o assunto, mas defendo que as responsabilidades sejam apuradas", reage Rigotto, que também endossa a tese da pureza do PMDB gaúcho.
No meio de tudo isso, Simon, o presidente da sigla no Estado, vem sendo criticado pela mesma oposição por apresentar dois discursos. Quando está em Brasília, é destemido e ácido a ponto de mandar o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) calar a boca. De quebra, ataca o atual presidente da casa e correligionário, José Sarney (PMDB-AP), alvo de diversas denúncias de irregularidades. Até aí, tudo bem.O problema é que a verve do senador, assinalam críticos, desaparece quando os problemas surgem no quintal do seu "MDB". As suspeitas de corrupção e os escândalos merecem, no máximo, comentários evasivos. "Somos a favor de buscar a verdade. Tudo o que queremos é que a justiça seja feita", diz, lembrando que até o momento ninguém foi condenado.
O fato é que as semelhanças entre PMDB de cá e de lá por enquanto têm falado tão alto quanto os inflamados discursos do senador. Mas Simon insiste em rechaçar paralelos. Assim como Padilha, Záchia e Alba. Os três estão convictos de que provarão a inocência. Mais aí cabe outro paralelo: Sarney também "confia" na Justiça.
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