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terça-feira, 4 de agosto de 2009

Multinacionais brasileiras ignoram crise e crescem 32% em 2008, diz pesquisa

04.08.09 - 12:55

A crise atrapalhou, mas as vinte maiores empresas multinacionais brasileiras fecharam 2008 com um aumento em seu nível de internacionalização, segundo ranking divulgado nesta terça-feira (4) pela Fundação Dom Cabral e pela consultoria KPMG.
Em termos de ativos concentrados no exterior, as 20 maiores empresas multinacionais brasileiras somaram US$ 201 bilhões fora do país em 2008, com crescimento de 32% em relação ao ano anterior.
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A siderúrgica Gerdau foi em 2008 a empresa brasileira com maior presença no exterior, com 57% de sua receita proveniente de operações fora do Brasil, 63% do total de seus ativos localizados em outros países e 50% do quadro geral de empregados em unidades estrangeiras. A companhia liderou o Ranking das Transnacionais Brasileiras 2009 (ano-base 2008), produzido pela Fundação Dom Cabral e patrocinado pela consultoria KPMG.
A segunda colocada no ranking, que foi divulgado nesta terça-feira (4), é a fabricante de autopeças Sabó. O terceiro lugar é ocupado pela empresa de alimentos Marfrig, que no ano passado aumentou em 358% seus ativos no exterior em valor, resultado de uma agressiva estratégia de aquisições.

Para calcular o "índice de transnacionalidade", a Fundação Dom Cabral avalia três indicadores empresariais: a relação entre receitas brutas de subsidiárias no exterior e receitas totais; a proporção entre os valores dos ativos no exterior e o valor total dos ativos das empresas e a relação entre o número de funcionários no exterior e o número total de funcionários.
Apesar da crise econômica, que se intensificou em setembro do ano passado, a pesquisa da Fundação Dom Cabral mostra que as 20 maiores transnacionais brasileiras não reduziram seus níveis de internacionalização. Ao contrário, os números chegam a mostrar certa evolução, ligada sobretudo às novas aquisições feitas pelas empresas no exterior.
Em 2008, as receitas das 20 maiores transnacionais brasileiras no exterior representaram 25,32% do faturamento total no intervalo. Em 2007, esse índice ficou em 24,16%. Já o valor dos ativos das empresas fora do País representou 27,66% do total no ano passado, ante 24,94% em 2007. Por fim, o número de funcionários no exterior foi equivalente a 27,52% do quadro geral de empregados. Na pesquisa anterior, esse percentual foi de 22,33%.
A líder do ranking, Gerdau, foi responsável pela maior aquisição no exterior em 2008, com a compra da Gerdau Macsteel Inc., no valor de US$ 1,458 bilhão. A segunda maior compra foi feita pela Magnesita, que adquiriu a LWB Refractories, na Alemanha, seguida pelas aquisições dos ativos do grupo OSI na Europa e no Brasil pela Marfrig.
No entanto, o coordenador do núcleo de negócios internacionais da Fundação Dom Cabral, professor Jase Ramsey, ressalta que, do total de 41 empresas participantes da pesquisa, 14 reduziram seu nível de internacionalização no ano passado em resposta à crise, que provocou problemas de liquidez, acesso ao crédito e falta de previsibilidade dos negócios.
Em levantamento que considera um universo mais amplo de empresas, a KPMG comprovou uma redução no número de aquisições promovidas por empresas brasileiras no exterior. Em 2007 - ano recordista em número de compras de companhias no exterior -, a consultoria identificou 66 transações desse tipo. Em 2008, esse número caiu "para pouco menos de 60", segundo o responsável pela área de Corporate Finance da KPMG, Cláudio Ramos.
"A partir do cenário efetivo de desaceleração econômica ou recessão em alguns países, no quarto trimestre, houve aumento do risco de inadimplência, elevação abrupta do prêmio de risco no mercado acionário, aversão ao risco, aumento do desemprego, queda do consumo e uma crise de crédito e de confiança", lembrou Ramos. Diante desse cenário, as empresas optaram por privilegiar o seu caixa e, conforme o executivo, a expansão por meio de aquisições deixou de ser prioritária.
Além de Gerdau e Marfrig, estão relacionadas entre as 20 companhias com maior índice de transnacionalidade as seguintes empresas de capital aberto, com a respectiva posição no ranking: Vale (4º), Aracruz (7º), Suzano Papel e Celulose (10º), Lupatech (11º), Marcopolo (12º), Embraer (13º), Weg (16º), ALL (17º) e Petrobras (20º). Segundo o professor da Fundação Dom Cabral Álvaro Cyrino, um dos coordenadores da pesquisa, algumas empresas brasileiras com elevado grau de internacionalização, como a JBS Friboi, ficaram fora da relação por não terem participado da pesquisa, feita a partir de questionários respondidos pelas próprias companhias.
O fluxo de investimento brasileiro em fusões e aquisições no exterior totalizou R$ 10,8 bilhões no ano passado, aproximadamente 25% do total de investimento brasileiro direto no exterior, segundo dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid).
As 20 maiores transnacionais brasileiras acumularam um volume de R$ 201 bilhões de ativos no exterior em 2008, estoque 32% superior ao verificado em 2007. A Vale é a empresa brasileira com mais ativos no exterior, equivalentes a R$ 95,8 bilhões. A Gerdau é a segunda colocada, com R$ 37,4 bilhões em ativos fora do País, seguida pela Petrobras, com R$ 26,5 bilhões.

http://www.camera2.com.br/noticia_ler.php?id=179745

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