Pra inglês ver
Por Elvino Bohn Gass*
30/12/2010 | 17:50
Tenho um amigo que passou 11 anos na Inglaterra. Com frequência, eu o informava das coisas do estado e do País. Sobre o governo Yeda, dizia que era desastroso porque as denúncias de corrupção se avolumavam, os professores eram tratados à bala, a segurança era comandada do Piratini e se transformara num aparelho de espionagem política; porque a saúde sobrevivia graças às verbas federais e a agricultura familiar havia sido abandonada. Ele manifestava sua tristeza como gaúcho, mas tentava me animar contando que, entre os ingleses, crescia a sensação de respeito pelo Brasil porque a economia estava nos trilhos e o carisma de Lula contagiava até jornais exigentes como o Guardian.
Em setembro, meu amigo voltou. E dias atrás, quando me visitou para um abraço natalino, manifestou estranheza: – Sabes, minha irmã é professora estadual e meu irmão é concursado da Saúde. E eles confirmam o que tu me dizias, mas queria entender porque tem tanta gente repetindo a história de que a Yeda arrumou a casa...???
Meu amigo é de família humilde, mas estudou muito, se tornou um profissional respeitado, é culto, bem informado. Eu sabia que uma resposta puramente política não o satisfaria. Então, liguei para um assessor economista que, de pronto, lascou: - Fala pro teu amigo que os tais R$ 3,6 bilhões que a governadora diz ter deixado no caixa, não são recursos do Estado, são depósitos judiciais. O governo até pode utilizar, mas só emprestado, depois tem que pagar com juros.
- Então não há déficit zero?... interrompeu-me ele. Não o deixei concluir: - Isso é uma peça publicitária que desconsiderou as "contas penduradas". Por, exemplo, na Educação, o governo tucano deixou de investir mais de R$ 3 bilhões. O resultado é uma estrutura com dificuldades, escolas de lata e salários defasados.
- Ahã, mas pelo menos os acessos asfálticos foram todos feitos...
Juro, estava constrangido. Sabe como é, período natalino, amigo que não via há tempos, pensei em agradá-lo e dizer que era verdade. Não consegui: - Olha, foram previstos R$ 650 milhões para 122 obras de asfaltamento. Isso dá R$ 500 mil cada uma. Ora, um quilômetro de asfalto custa R$ 700 mil! Quem vai pagar o restante é o próximo governo.
- Tu acabas de me fazer ficar com vontade de voltar para a Europa, se bem que por lá a receita neoliberal também não funcionou. Só não faço isso porque conheço o Tarso e o povo gaúcho, tenho certeza de que as coisas vão melhorar. Ah, Feliz Natal e um grande 2011 pra ti.
Em setembro, meu amigo voltou. E dias atrás, quando me visitou para um abraço natalino, manifestou estranheza: – Sabes, minha irmã é professora estadual e meu irmão é concursado da Saúde. E eles confirmam o que tu me dizias, mas queria entender porque tem tanta gente repetindo a história de que a Yeda arrumou a casa...???
Meu amigo é de família humilde, mas estudou muito, se tornou um profissional respeitado, é culto, bem informado. Eu sabia que uma resposta puramente política não o satisfaria. Então, liguei para um assessor economista que, de pronto, lascou: - Fala pro teu amigo que os tais R$ 3,6 bilhões que a governadora diz ter deixado no caixa, não são recursos do Estado, são depósitos judiciais. O governo até pode utilizar, mas só emprestado, depois tem que pagar com juros.
- Então não há déficit zero?... interrompeu-me ele. Não o deixei concluir: - Isso é uma peça publicitária que desconsiderou as "contas penduradas". Por, exemplo, na Educação, o governo tucano deixou de investir mais de R$ 3 bilhões. O resultado é uma estrutura com dificuldades, escolas de lata e salários defasados.
- Ahã, mas pelo menos os acessos asfálticos foram todos feitos...
Juro, estava constrangido. Sabe como é, período natalino, amigo que não via há tempos, pensei em agradá-lo e dizer que era verdade. Não consegui: - Olha, foram previstos R$ 650 milhões para 122 obras de asfaltamento. Isso dá R$ 500 mil cada uma. Ora, um quilômetro de asfalto custa R$ 700 mil! Quem vai pagar o restante é o próximo governo.
- Tu acabas de me fazer ficar com vontade de voltar para a Europa, se bem que por lá a receita neoliberal também não funcionou. Só não faço isso porque conheço o Tarso e o povo gaúcho, tenho certeza de que as coisas vão melhorar. Ah, Feliz Natal e um grande 2011 pra ti.
*Deputado federal eleito e atual líder da bancada estadual do PT na Assembleia Legislativa
http://www.ptsul.com.br/t.php?id_txt=32580&tp=1
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