Em entrevista concedida a Zero Hora, governador diz que mudanças ainda devem ser discutidas com Conselho e academia
Também destacou como fundamental no processo que com base na avaliação interna ocorra uma avaliação externa, feita pela academia. Para Tarso, o mérito tem de ser verdadeiro. Confira a entrevista:
Zero Hora – Quais os principais pontos que serão adotados na avaliação dos professores?
Tarso Genro – Estamos trabalhando tecnicamente, discutindo no governo, com a Secretaria de Educação. Depois vamos discutir com a sociedade, no Conselho, vamos discutir com a academia.
ZH – Quais pontos o senhor destacaria?
Tarso – Que o mérito se torne mérito efetivamente. Para isso não precisa haver modificação legal do plano de carreira, basta decreto regulamentador, encontrar ali os nichos para que o mérito seja mesmo verdadeiro e não seja, na verdade, uma ascensão que seja do mérito do curso de tempo e de preenchimento de formalidades.
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Adriana Irion - ZH, 25/07/2011, 03h40min
Decidido a implementar a avaliação de professores por mérito, o governador Tarso Genro falou no domingo sobre como deve ser construída a mudança – a partir de um debate com todos os agentes envolvidos.Também destacou como fundamental no processo que com base na avaliação interna ocorra uma avaliação externa, feita pela academia. Para Tarso, o mérito tem de ser verdadeiro. Confira a entrevista:
Zero Hora – Quais os principais pontos que serão adotados na avaliação dos professores?
Tarso Genro – Estamos trabalhando tecnicamente, discutindo no governo, com a Secretaria de Educação. Depois vamos discutir com a sociedade, no Conselho, vamos discutir com a academia.
ZH – Quais pontos o senhor destacaria?
Tarso – Que o mérito se torne mérito efetivamente. Para isso não precisa haver modificação legal do plano de carreira, basta decreto regulamentador, encontrar ali os nichos para que o mérito seja mesmo verdadeiro e não seja, na verdade, uma ascensão que seja do mérito do curso de tempo e de preenchimento de formalidades.
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Leia mais na ZH de hoje.
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1§ion=Pol%EDtica&newsID=a3411491.xml
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No chão da escola
Sinésio Jorge Kist* - 25/07/2011 12:06
Passada a redemocratização eleitoral, a reorganização popular e o fervor político dos anos 80 e 90, percebemos hoje uma crescente despolitização que, aliada a massificação são um campo aberto à corrupção que vai se entranhando nas veias da sociedade. O sentimento de impunidade acaba por minar a capacidade de indignação e reação. Movimentos sociais, sindicatos, partidos políticos, igrejas já não são mais referências. Convivemos com degradação da estrutura familiar, o descrédito das instituições, a falta de identidade do “quem sou eu”, a falta de noção de limites e disciplina, de certo e errado, de bem e mal. A sociedade sente-se órfã e instala-se gradativamente uma profunda crise de valores.Na educação não é diferente.
Novos governos, novos projetos... Renova-se a esperança... Reacendem-se os sonhos. Até quando?
Os que ontem nos atacavam, hoje dizem nos defender; os que ontem nos defendiam, hoje defendem o Estado. Trocam o papel situação x oposição, oposição x situação, mas, nós, profissionais da educação, continuamos excluídos das prioridades.
Na nossa história, passamos por quantos projetos de educação? Educação do Estado? Educação de Estado? Educação dos Partidos? Quantas teorias já nos foram colocadas, muitas vezes, tratados como simples “cobaias de laboratório”. E, da mesma forma, nós reproduzimos o processo na sala de aula.
A pergunta que não quer calar: Quais ou qual governo nos deixou saudades?
Há 10, 20, 30 anos... governo a governo, somos os “responsáveis” pela falência do Estado. Isto é estratégico? É real? Ou é político? Por que sempre o mesmo filme?
Há quanto tempo nos perseguem com o QPE, Calendário Rotativo, Demissão Voluntária, com o fim do Plano de Carreira, com a Meritocracia e sempre, sempre com míseros salários. Torna-se vergonhosa a comparação salarial com qualquer outra categoria. Todos os setores da sociedade percebem, hoje, a valorização da mão de obra. A exceção continua sendo os trabalhadores da educação.
Da mesma forma também percebemos a falta de comprometimento de muitos profissionais, que diante da problemática da educação perderam, ou mesmo, lhes foi tirada toda a motivação, ao longo de sua história, muitas vezes, esperando tão somente o momento de sua aposentadoria.
Como se isto não bastasse, no chão da escola, o professor(a) tem virado “saco de pancada”, “pau pra toda obra”. Somos meio pai, meio mãe, meio polícia, meio médico, meio psicólogo, meio padre/pastor(a), e às vezes até professor(a). O desrespeito e a violência são crescentes. A autoridade do professor(a) é questionada.
A sociedade ainda vai pagar um preço muito alto pelo descaso, pelo desprezo e não valorização do professor(a). É só ver quantos jovens ainda sonham em ser professor(a).
A universalização propiciou o acesso de todas as crianças à escola. Significou um avanço extraordinário, mas trouxe também para a escola todas as realidades. Passa-se a enfrentar sérias dificuldades para trabalhar com turmas heterogêneas, com interesses totalmente distintos.
O que fazer com o aluno que “não quer estudar, não quer nada com nada”? Como agir com crianças/adolescentes que estão na escola por “força da lei”? Não se interessam, pois a aprendizagem não faz parte do seu cotidiano. Além disso, criam problema diariamente e, principalmente, atrapalham a aprendizagem dos demais. Fala-se do seu direito de ir à escola, mas onde fica o direito de aprender dos alunos dedicados, dos que vêm à escola com o intuito de aprender?
Nos dizem: “as aulas tem que ser agradáveis”, “as aulas tem que ser diferentes”, “as aulas não podem ser cansativas” e “ah, isso eu não gosto”.
A quem interessa a cultura do mais fácil? A cultura do barulho? Que tipo de cidadão se quer formar? Que tipo de sociedade? Para onde isso vai levar?
Acreditamos que este é o momento de apontar as dificuldades com que nos defrontamos no dia a dia. Mas nem tudo está perdido, muito pelo contrário. Muitas ações positivas têm sido trabalhadas na escola. É importante destacar a convivência, a socialização, a aprendizagem, a troca de experiências.
A escola deve desempenhar o seu papel, mas, deve, também, cobrar responsabilidade da sociedade na solução de seus problemas.
Qual é então a verdadeira identidade do professor? Qual o seu papel?
Acreditamos, também, que é alentador a formação de grupo, de estudos com entidades tão representativas, bem como, a retomada da formação continuada. Formação continuada é função do Estado propor, fazer acontecer e pagar. Ela é investimento, do ponto de vista da educação. Da mesma forma, ao(a) professor(a) cabe participar, influenciar, se empoderar do conhecimento. A participação não pode ser voluntária.
Professor(a) não é questão de voluntariado. Professor(a) não é questão de vocação. Professor(a) é questão profissional, e, como tal, deve ser tratado.
É preciso buscar a qualificação teórica, a reflexão da prática, a ética profissional... É preciso aprofundar a inserção, a participação e a vivência comunitária, o conhecimento “real” da realidade.
A formação continuada deve ser permanente, como prática educacional e profissional, não podendo se restringir a um período específico.
É importante destacar que a formação continuada é somente uma face do que precisa ser feito em nível de educação. Como ação isolada pouco ajuda. Precisa fazer parte de um amplo projeto de priorização e investimento na educação.
É preciso resgatar a dignidade, resgatar a autoridade, resgatar a auto-estima. É preciso resgatar o gosto de poder dizer: “Eu sou professor”, “Eu sou professora”. É preciso possibilitar o resgate da esperança, o resgate e a construção dos sonhos. É urgente e necessária a valorização profissional com capacitação permanente, compromissos recíprocos e pagamento salarial adequados. É preciso que a educação volte a encantar, de modo a manter e trazer os melhores profissionais para a educação. Já não basta a retórica, já não basta o “fazer de conta”. A educação exige compromisso. A educação precisa ser prioridade de fato: prioridade da sociedade; prioridade do Estado; prioridade do professor; da professora; prioridade da família ; prioridade do aluno.
Ensinar e aprender, não se faz somente “brincando”. Ensinar e aprender não se faz somente com “aulas diferentes”. Ensinar e aprender exige esforço, sacrifício, dedicação, comprometimento e, principalmente, superação do comodismo. Ensinar e aprender exige querer, exige abrir-se para o novo. Ensinar e aprender é trabalho, exige concentração, reflexão e silêncio.
Na vida, nem na escola, não se faz somente o que é agradável, o que é diferente, o que se gosta, o que não é cansativo. Não é questão de gostar, nem de não gostar.
A criança precisa ser trabalhada a vencer desafios, a superar obstáculos, a sentir o gosto da vitória. A criança precisa ser ensinada a gostar do seu chão, das suas raízes. Precisa aprender a gostar do que se faz, independente se isto é agradável ou não. As aulas devem gerar aprendizagem, troca de experiências; devem gerar conhecimento; devem gerar um novo ser.
O(a) professor(a) tem o compromisso moral e ético de pautar as suas convicções nas relações da escola, de ser autoridade no ato de ensinar e aprender...
Professor(a) não quer só “salário e comida”, professor(a) quer que o tratem como gente. Professor(a) só quer que o paguem como gente. Professor(a) só quer ser gente.
*Texto usado para discussão da formação continuada na EEEF Santa Terezinha, em Santo Cristo (RS). Redação do professor Sinésio Jorge Kist
http://www.cpers.com.br/index.php?&menu=1&cd_noticia=2940
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