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terça-feira, 22 de setembro de 2009

Dorotéia na Luta pelo Piso Nacional


Siden Francesch do Amaral*

Naquela agradável manhã do dia 14 de setembro, a professora Dorotéia resolvera que iria compor a delegação de educadores que partiria à Brasília na Luta pelo Piso Nacional da categoria.

Inicialmente, a educadora estava indecisa, sabia que seria uma viagem exaustiva, três dias dentro de um ônibus e mais um de intensa movimentação na capital federal. Finalmente,  decidiu que viajaria. Após uma semana de chuva copiosa, Dorotéia não teve muitas dificuldades para escolher suas roupas. A maioria estava molhada ou por ser lavada, e como, “a grana” andava cada  vez mais escassa para compras emergenciais, não teve dúvida, recolheu as roupas que dispunha para  uso e arrumou suas malas.  Já fazia algum tempo que a professora não sentia o prazer de vestir uma roupa nova. No último ano, a única roupa que usara com cheiro de loja eram as camisetas do Sindicato.

A professora olhou-se no espelho e viu que surgiam as primeiras rugas à face. Eram rugas precoces, pois era jovem e concluiu que o aparecimento das mesmas não era devido ao trabalho prazeroso de educar. Não tinha dúvida,  o surgimento dos primeiros sinais cutâneos, denunciavam as imensas injustiças provenientes dos Palácios Governamentais contra os educadores.

Dorotéia despediu-se de seu amor, pediu que cuidasse bem das crianças e partiu a grande jornada.  A Luta pelo Piso Nacional era mais uma batalha pela dignidade que os  educadores enfrentavam.

A jornada era, indubitavelmente, para qualificados guerreiros. Muita estrada pela frente, banhos em restaurantes do trajeto. Tudo tinha que ser rápido, higiene corporal, refeições, para não atrasar a viagem. E rapidez não era o forte de Dorotéia.

As refeições tinham que ser comedidas, pois os preços eram caros e o dinheiro exíguo. Em Minas Gerais, o preço do quilo da refeição era R$ 32,00. Então, ela colocou no prato só alimentos leves, que resultasse em pouco peso. Era a dieta que a professora estava submetendo-se para adaptar-se à situação. Saiu do restaurante com a sensação de refeição incompleta...

Na quarta-feira de manhã chegaram à capital federal. Como o primeiro compromisso era apenas ao meio dia, foi com delegação conhecer alguns locais da cidade construída por Juscelino  com verbas da Previdência.

Ao meio dia, no Senado Federal, os educadores ouviram deputados e senadores que lutavam para que o Piso Nacional se transformasse em básico da categoria em 2010. Através de um discurso, soube que a governadora do RS, agora, era também denominada, de YEDA chamuscada, depois do acidente com a “chama crioula”.

À tarde, enfrentou o sol a pino de Brasília. Era um sol escaldante. Vestiu a camiseta preta que fazia alusão à Luta Pelo Piso Nacional e sentiu seu corpo em chamas pelo calor infernal. De vestimenta preta, ironicamente, sentiu-se como um urubu atravessando o deserto...

O protesto em frente ao STF foi uma prova de resistência à insolação. Com seus valentes colegas de luta, bradou as palavras de ordem com todas as forças que lhe restavam. Mas, ainda sobrou-lhe  um pouco de fôlego, redobrado, após um pequeno descanso, para protestar em frente ao MEC contra algumas afirmações desencontradas oriundas daquele Ministério.

E começava sua viagem de retorno. Teria que esperar algumas horas ainda para tomar banho e livrar-se do suor que percorrera seu corpo naquela tarde, em que ela e todos os educadores, vindos dos mais diversos Estados da Federação, mostraram uma incomensurável disposição à luta.

Os companheiros e as companheiras de viagem compensavam o cansaço. A turma era composta de valorosos lutadores, alegres, dispostos, do tipo, que  as derrotas os tornam mais fortes e as vitórias, os transformam em melhores.

No regresso à Escola, Dorotéia ouviu a irônica frase de uma colega de trabalho, insinuando que a mesma tinha tirado uma semana de férias. A professora sorriu docemente e  respondeu:
- Estive lutando! Lutando por todos aqueles que lutaram e ainda lutam por mim, lutando por uma categoria que não fica de joelhos à espera das migalhas que escorregam da mesa opulenta dos poderosos,  tendo a meu lado, inestimáveis companheiros, genuinamente brasileiros, pois não desistem nunca!

*O Prof. Siden Francesch do Amaral é Diretor do 14º Núcleo do CPERS e representante 1/1000

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