A professora que tinha alfabetizado o Espantalho, o rezador de terço, foi pesquisar sobre o tatu, depois do episódio do sonho e concluiu ser o tatu-de-rabo-preso um animal produzido em laboratório, cuja reprodução está fora de controle.
Sua característica principal é o poder de simulação. Adulto, é mais comprido e tem uma marca na parte inferior do pescoço, igual a uma gravada de tope; nas costas, na parte inferior do casco, tem uma parte escura, semelhante a uma saia. O rabo tem grande diferença dos demais tatus. É mais curto, porém grosso e tipo fole-de-gaita, que encolhe ou espicha.
Esse gênero de tatu cava suas tocas rápido, com muitas saídas, e são verdadeiros gabinetes espaçosos e confortáveis. Ficam nesses gabinetes, quando necessário, e no escuro da noite fazem entradas embaixo dos cofres, especialmente, em repartições públicas. Aliás, a principal característica desse tatu é que só se alimenta de cédulas de dinheiro. Ele é subterrâneo, noctívago, simulacro e com hábito alimentar único: come só dinheiro.
Então, na eventualidade de ser cercado durante o dia, em algum lugar, ele se põe de pé e parece gente. Olha-se pelas costas está de saia; olha-se de frente, está de gravata. Para se pôr de pé, ele encolhe o rabo e logo espicha, crava-o no chão, dá algumas voltas rápidas sobre si, tipo britadeira, e com isso inicia a escavação de sua toca. Rapidamente, encolhe o fole do rabo e passa a cavar a terra com as patas e desaparece nas profundezas, em segundos.
Os cofres, quando descobertos vazios, não têm sinais de violação. Está lá no fundo, quase invisível, o acesso do malandro da noite.
O simulacro é a arma do safado. Encontrá-lo como e onde, se de dia é gente fina?! Ah, sim, de noite! Já estará com dezenas de novas tocas, cutucando novos cofres.
Uma praga. Assim, conclui-se: o combate ao tatu-de-rabo-preso depende da gente. Fora o tatu-de-rabo-preso! Diz a professora do Espantalho.
*O Professor João Carlos Alves Rodrigues é Aposentado, Militante Sindical e Fundador do nosso Núcleo.
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