A rejeição, pela Brigada Militar, do projeto de reajuste do funcionalismo apresentado pelo governo do Estado acende um sinal de alerta que não pode ser desconsiderado. Enquanto a reação partia de lideranças do Cpers/Sindicato, que atuam com evidente viés político, as restrições ainda podiam ser vistas com desconfiança. Mas agora é a BM que questiona a proposta, tornando impositiva uma revisão e uma negociação com o funcionalismo. A tarefa é para a Assembleia Legislativa, que dará a palavra final sobre o pacote salarial dos servidores, mas o Executivo também precisa fazer sua parte.
No projeto encaminhado à Assembleia, o Piratini, além de elevar os salários de soldados e professores, opta pela meritocracia, ao propor bônus de até um salário de acordo com o desempenho das diferentes categorias e na hipótese de haver resultado orçamentário. Além de depender de uma mudança constitucional, porém, a proposta foi recebida com desconfiança pelas categorias contempladas pela inovação, principalmente pela elevação da alíquota de contribuição previdenciária. E, como se não bastasse o rechaço por parte de parlamentares de oposição, é encarada com reservas até mesmo na base de apoio do governo. Daí a importância de um canal de debate entre políticos da oposição e da situação, representantes do Executivo e das diferentes corporações para o enfrentamento das insatisfações geradas pela política salarial.
A sociedade gaúcha habituou-se a encarar uma situação em que a máquina administrativa, historicamente às voltas com insuficiência de caixa, acaba normalmente cedendo apenas no caso de categorias mais influentes nos três poderes. A diferença, desta vez, é a perspectiva de remuneração por mérito, desde que o equilíbrio fiscal seja mantido.
Sempre que categorias como a dos brigadianos e a dos professores recorrem a medidas extremas, quem perde é a sociedade, que deixa de contar temporariamente com seus serviços e não dispõe de alternativas. O desafio dos políticos na Assembleia e dos representantes do Executivo é debater com agilidade alternativas capazes de evitar que a situação chegue a algum impasse, o que levaria a defesa dos interesses de alguns a prejudicar todos, indistintamente.
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