Siden Francesch do Amaral*

Por curiosidade comecei a pesquisar as ofertas de empregos examinando a faixa de salários, a carga horária de trabalho semanal e a escolaridade exigida. Para que você leitor acompanhe melhor minha linha de raciocínio irei declinar alguns exemplos:
a) Cargo: Assistente Técnico-Administrativo; Escolaridade: Ensino médio concluído ou equivalente; Remuneração: Até R$ 2.590,42 (Receita Federal); (inscrições encerradas);
b) Analista-Tributário da Receita Federal do Brasil; Escolaridade: Curso Superior concluído, em nível de graduação; Remuneração inicial: subsídio mensal no valor de R$ 7.624,56; (inscrições abertas, qualquer curso superior);
c) Correios: vários cargos para Ensino superior com salário inicial de 3.431,06; (aguardando publicação do edital).

Pois, comparando então: O salário de um professor com o piso Nacional, com graduação e mantido o nosso Plano, para início de Carreira seria em torno de R$1.700,00, o que comparado com os salários acima, não deixa de ser ridículo. Um governo que afirma que não pode pagar um modesto piso (R$ 950,00) para os educadores, como esse, não tem competência para governar e seria mais digno, que em vez de apelar para o STF, renunciasse ao cargo.

Outra ironia é quando se negam a cumprir o 1/3 de horas atividades. Desconheço outra profissão em que trabalhador leve trabalho para casa, como corrigir provas, preparar aulas, fechar notas... Aliás, nos concursos citados acima, a carga horária é de 40 h semanais, e o servidor, não leva nada para fazer em casa. Na minha modesta opinião, acredito que a fração de horas atividades deveria ser ½ (50%) e meu argumento é simples: Por que o professor tem que trabalhar de graça em casa? Uma profissional aqui perto de casa, cobra por peça a roupa que leva para passar na sua residência. Poderíamos cobrar por prova ou por trabalho corrigido nos momentos que deveriam ser de nosso descanso. O que acham? Repito, por que temos que trabalhar de graça em casa?

Todos os fatos elencados me levam a concluir que somos realmente, uma categoria muito modesta em nossas pretensões. Um piso de R$ 950,00 é o mínimo que se pode exigir à dignidade da categoria; 1/3 dedicado para atividades significa, ainda, que iremos trabalhar de graça em momentos, que deveriam ser de nosso lazer. Está comprovado que dinheiro não falta. Choque de Gestão, em vez de perpetuar a miserabilidade de uma categoria, deveria ser também uma forma de resgatar profissionais, financeiramente por anos massacrados, que têm como missão conduzir a sociedade a novos caminhos.
Um governo que reajusta seu salário em 143% não tem respaldo moral para falar em dificuldade de gestão financeira. Desculpem se insisto, não é falta de dinheiro, é sim falta de vergonha. E o magistério tem que deixar essa modéstia de lado. Não se deixem iludir com essa conversa de Crise. Que crise é essa, que permite aumentar o salário da governadora, em números redondos, de R$ 7.000,00 para R$ 17.0000,00? Chega de Crise sempre para os mesmos.


Siden Francesch do Amaral é Professor e Diretor no 14º Núcleo do CPERS/Sindicato e Membro do Conselho Geral da Entidade
Um comentário:
Por que será que faltam tantos professores? Concurso, nos quais a exigência é ensino médio, com salários acima de R$ 1.000,00 são frequentes (só para comparar ao piso)e sem precisar levar trabalho para casa... Só discordo em um ponto, não acho certo receber por prova, mas seria bom receber por aluno, dai talvez as salas de aula não ficassem tão lotadas...
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